terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sr. Terra Wikipedia

Ontem, enquanto esperava minha chefe chegar ao escritório, tomei um livro do Niemeyer pra ler. Um livro dele mesmo, escrito por ele, quero dizer, como um livro de memórias. Meio cansativo, por sinal, mas sou suspeita quando o assunto é literatura do cotidiano. Leio qualquer porcaria, não que o livrinho do Oscar o seja! Já foi-se quase metade do livro e hoje, na volta pra casa, voltei a lê-lo (como é feia essa tal de ênclise!).

Lá pelas tantas, quando o velho (com todo o respeito pelo homem!) relatava suas peripécias durante a construção da nova capital federal, ele mencionou a companhia de Dilermano Reis, nas visitas que fazia ao JK no Palácio da Alvorada. Daí então não dei mais seqüência à leitura, naquele ambiente maravilhoso que é o ônibus Rio Pequeno, no horário do rush. Mas não por isso. Fiquei pensativa porque meu pai sempre mencionava o tal Dilermano Reis... Daí o caro leitor se pergunta (e eu me achando Machado de Assis!): Ok, eu também já li uma pá de coisas com assuntos já conversados com meu pai, com minha mãe e até já conversados com meu papagaio!

Pode ser simples para o caro leitor, mas quando leio algo que se relaciona imediatamente à alguma lembrança da minha convivência com meu pai, sempre sinto a leitura como uma pseudo-conversa com o velho (não o Niemeyer, mas o outro velho, o Terra). É como uma cutucada do velho em mim (para os caros leitores usuários do Facebook). Ou melhor, eu sinto como se pudesse, hoje, agora, chegar em casa do trabalho e comentar: “Pai, eu li que o Dilermano Reis tocava violão no Palácio da Alvorada, à época da construção de Brasília... Por acaso, ele era amigo do JK?”. E ao invés de ter a resposta dele, infelizmente eu tenho que jogar no Wikipedia ou no Google, para descobrir qual era essa relação.

A quem interessar, Dilermano Reis, violonista e compositor, foi professor de música da família de JK, com quem fez grande amizade: “Ajudei a construir, com minhas próprias mãos, o Catetinho. Meu violão foi primeiro ouvido nos céus da nova Capital e fiz também a primeira música em homenagem à cidade que nascia", disse Dilermano, falecido em 1977.

O velho Terra com certeza saberia dar detalhes sobre a vida do violonista, de quem era admirador. Aliás, sempre tive a impressão que ele sabia de tudo um pouco! Na minha época de primário e ainda muito distante da simples rotina “joga no Google!”, ele era a minha salvação naquelas pesquisas que fazíamos ao fim da semana, desenhávamos e fazíamos colagem em cadernos A3, formato paisagem... Minha irmã caçula diz que eu também sei de tudo um pouco. Talvez sim, Talvez apenas eu tente saber. Sou só curiosa.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De volta à antiga banalidade

Coisa que eu não sou boa é esperar que os outros façam algo da qual dependa minha felicidade ou meu sucesso. Não gosto de esperar muito dos outros. Prefiro fazer eu mesma, por mim mesma. Quando eu tinha meus 12 anos, já avançava nos 1,70 m e não alcançava os 50kg, comecei a escutar que eu devia ser modelo. Nunca fui vaidosa (no sentido exibicionista da palavra) e sempre fui (e ainda sou) muito envergonhada pra esse tipo de trabalho. Uma vizinha me levou pra um curso, fiz uns desfiles lá no subúrbio do Rio e logo desanimei com toda essa história. Imaginava o tanto de meninas bonitas, magrelas e altas que, assim como eu, tentavam virar tops de sucesso. E, é claro, que essa façanha não dependia só da beleza. Nesse mundinho (e em tantos outros, como é sabido) rola muito “Q.I.”, o famoso “quem indica”, e fora que você tem que ficar pra cima e pra baixo na cidade, com um book debaixo do braço, torcendo pra alguém gostar da sua carinha. Definitivamente, não era minha praia. Ainda bem que cheguei a essa conclusão com 12 anos de idade!
  
E no geral até que tenho muita autoconfiança no que eu faço e, quando me esforço, sempre tenho bons resultados. Por isso até hoje teimo em não querer esperar um “brinde” dos outros, ainda mais agora, que sei que consigo eu mesma construir minha felicidade.
 
Tudo muito simples e prático, sim? Não. Tem uma questão. Sim, é sobre namorados. Taí outra fonte da qual tento (eu disse tento!) não esperar muita ajuda para complementar minha felicidade. Passei minha boa adolescência resistindo bem, entrei na vida adulta e também consegui driblar alguns malandros disfarçados. E fui sobrevivendo, sem sentir muita falta daquilo que não poderia sentir falta, pois nunca havia sentido! Até namorar firme. Namorei durante cinco anos e meio (há controvérsias quanto à duração) com um cara que, embora hoje possa xingá-lo de tudo quanto é nome, tenho que dizer que marcou minha vida e soube me fazer feliz. Também não vou elogiar muito o namoro, porque foi bem traumático, como todo bom namoro à distância. Mas passada a tempestade, uma coisa há de ser dita, não por mim, mas por Ferreira Gullar: “Quem conheceu o delírio, dificilmente se habitua à antiga banalidade”. E nisso o poeta tem toda a razão! Eu tento voltar à serenidade da adolescência, mas minhas memórias e meus hormônios não deixam! A situação com os hormônios é até razoável de resolver. Um affair aqui, outro acolá... Mas e o coração? Sim, e o coração, que já se queixa por estar tão esquecido, aqui nessa cidade cinza?
 
Os anos vão passando e eu vou assimilando a idéia de que eu preciso deixar o coração sempre em atividade. E também vou aprendendo a admitir que a felicidade de um amor correspondido não pode ser substituída por outra, nem pelas conversas com os amigos, nem pelo chamego da família, nem por uma viagem, um bom filme, uma roupa nova, ou seja lá o que lhe traga felicidade. E para isso temos que arriscar colocar parte significativa da sua felicidade nas mãos de alguém. Alguém que até se transformar (ainda que por tempo limitado) no homem da sua vida, é só e tão somente uma dúvida, um desconhecido, um possibilidade de acerto ou de erro. E isso é tão cansativo! O cara pelo qual você vai passar um bom tempo chorando, sorrindo, admirando, xingando, discutindo, beijando... Este cara deveria vir com uma marca no meio da testa! Daí eu iria ficar menos preguiçosa e insegura, para liberar logo meu coraçãozinho ansioso.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Velhitice Aguda

Ultimamente eu ando tendo sintomas críticos de velhitice aguda (para velhitice, entenda-se velhice + chatice). E talvez pela proximidade do meu último niver na casa dos 20, eu esteja um pouco mais pensativa sobre o quanto eu ando chata. Mas o pior de tudo é que eu curto minha chatice, sempre curti! Entretanto, minha chatice é uma chatice positiva. Não chego ao limite de ser super sistemática, como minha boa e velha mãe, mas sou bem ‘preto no branco’, sem meios termos!

Sou assim pra mentiras, por exemplo. Não vou lhe garantir que sou a pessoa mais correta e sincera do mundo, mas tento evitar aquela rotina diária de uma mentirinha ali, outra acolá... A mentira vem, parece quase inofensiva, daí quando você se dá conta está inventando aquela mentira diária sobre seus atrasos no trabalho para o seu chefe, mentindo pro seu namorado sobre um encontro casual com aquele gato, cantando vantagem excessiva pros seus amigos e por aí vai.

Sinceramente, creio que nos tempos atuais é preciso fazer um esforço pra não cair no esquema “uma mentirinha não faz mal”. E tem que ser assim pra tudo! Para drogas, para fidelidade, para postura moral... E lá em casa a gente tem o exemplo-mór de "preto no branco”: minha irmã caçula! Outro dia minha mãe teve que omitir o horário que iria chegar em casa pra ela, porque se falasse, minha irmã não saberia mentir ou omitir para aqueles amigos de plantão que adoram fazer visita no domingo à noite, mas ligam antes avisando. Foi cômico! Pior ainda foi quando um ex-namorado da minha irmã do meio ligou lá em casa num sábado à noite e perguntou pra caçula onde estava a do meio. Ela foi rápida e direta: Foi pro pagode! Fim da história: mais uma filha sem genro pra minha mãe!

Você pode achar careta, brega ou destoado da atualidade, mas eu acho que é assim que devemos ser: corretos, firmes. E a recompensa maior é quando encontramos gente assim pelos caminhos da vida. E por incrível que pareça ando esbarrando com um monte desses! E quero me rodear ainda mais desses amigos, cada um na sua devida medida, mas todos chatos como eu!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Status: Ausente

Não vou gritar aos quatro cantos, mas mudanças profundas estão por vir. Por enquanto, em andamento somente aqui na minha cabecinha. E antes que elas se tornem visíveis a todos, elas têm que se cristalizar dentro de Marianinha. Isso explica um pouco a ausência por aqui... Os temas sobre o que escrever estão infectados pelos reais motivos destas mudanças vindouras, minha cabecinha não consegue funcionar regularmente.  Vou tentar separar alhos de bugalhos, mas acho que não vou conseguir. Ou até talvez falar sobre esses reais motivos da mudança seja interessante... Mas isso eu sei que não consigo. Eu mesma me impressiono com a minha capacidade de esconder dor, de me convencer que nada disso é tão sério e que, como disse minha mãe quando eu liguei pra ela em um dia crítico: ‘existe coisa pior na vida!’. Course, mammy, é tudo o que eu precisava escutar!

Mas acho que escrever sobre essas ‘ladainhas’ aqui não seja tão útil. Talvez seja a hora de voltar para as sessões com psicólogo. Afinal, não sejamos hipócritas: ninguém quer ouvir os problemas dos outros!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Da série ‘Lembranças Musicais’

Hoje passei o dia escutando Gal, Bethânia, Chico, Alcione... Enfim, todos estes foram herança musical da minha mãe. Já fui acordada muitas vezes pela voz forte da baiana cantarolando pela casa. Ela canta meio sem ritmo, estica demais as palavras, fecha os olhos enquanto canta e lembra-se de algo que só ela deve lembrar... D. Ivanete é uma figuraça! Sem dúvida a pessoa mais correta e mais sensata que eu conheço. Uma das músicas que mais me vem à memória com a voz de mainha é ‘Gostoso Veneno’, da Bethânia: ‘Tô com saudade de tu, meu desejo... Tô com saudade do beijo e do mel... Do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de passear no teu céu’. E por incrível que pareça esta música não me remete a algo romântico. Lembro perfeitamente que minha mãe cantava essa música pra minha irmã caçula, quando criança. Pegava no rostinho dela, olhava nos olhos e ia: ‘Tô com saudade de tuuuuu, meu desejo’. E a miúda fazia uma carinha de quem não estava entendendo nada... Era lindo! Juntando a voz de mainha, a melodia, o jeitinho da Niza, a eterna caçula bebê... Lembrança linda... Inesquecível!

Outra música que muita gente liga à relação de um casal, mas que na verdade é uma declaração de amor entre amigos é ‘All Star’ do Nando Reis. E essa não tem outro destino na minha memória: Eu a canto, a escuto... e troco partes da letra: ‘Estranho seria se eu não me apaixonasse por você... Estranho é pensar que o bairro... do Cascatinha, satisfeito sorri, quando chego ali...’ Pra quem não entendeu, Cascatinha é um bairro da minha querida Juiz de Fora, e a pessoa pela qual seria estranho caso eu não tivesse me apaixonado só pode ser uma: Bruno! A letra é perfeita pra nós dois... Guardo um momento nosso para cada parte da música: ‘Não vejo a hora de te encontrar e continuar aquela conversa que não terminamos ontem e ficou pra hoje’. Aqui eu me lembro da nossa última conversinha ao vivo, da janela de um tal apartamento, no horizonte as luzes de Juiz de Fora à noite... Catarse total! Chorei um monte com as palavras dele, que sabe exatamente como falar ao meu coração, que sabe me ouvir, que entende o que se passa aqui dentro... Depois daquela conversa, retoquei a maquiagem e fomos pra um bar. E lá tocou ‘All Star’, com uma banda ao vivo. Expliquei pra ele que aquela era uma música de amizade, feita pelo Nando Reis pra Cássia Eller. Abracei-o forte, cantarolei no ouvido dele... e chorei, claro! Momento único. Só perde para o chororô do dia da formatura dele, que caiu no dia do meu aniversário, no ano passado. Alias, tem também uma conversa debaixo da árvore em frente a minha casa no Rio, outra conversa no banco da Praça de Chiador em um réveillon remoto... Enfim, não dá pra elencar a mais marcante! Vindo do Bruno, tudo é marcante!

Eu te amo, amigo! Feliz 30 anos!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sobre Saudade

(Lindo texto escrito por um amigo lindo, Luiz Lopasso. Adorei! Profundo e extremamente poético!)

Eu tenho saudade de coisas que eu nem mesmo sei às vezes.
Tenho saudade de sensações, cheiros e visões de pessoas que nem sei ao mesmo se existem ou um dia chegaram a passar pela minha vida.
Ás vezes um momento no tempo me traz lembranças de que eu nem deveria ter vivido ou lembrado... Sinto que quase que sempre há um limite tênue entre o real e o imaginário-irreal. Ou quem sabe surreal?
Sinto saudade daquele tempo em que aquele menino podia brincar despreocupado, com o pé no chão e a cabeça na lua.
Saudade de poder chegar em casa, depois da escola, e tomar café assistindo tv e tendo que lembrar que ainda tinha dever de casa pra fazer e que se não fizesse certamente ia levar bronca no outro dia.
Fico triste em saber que com o tempo, os presentes de natal vão diminuindo e as pessoas que os davam também acabam sumindo da sua vida, mesmo que achasse injusto isso acontecer... São coisas da vida!
É nostálgico lembrar-se dos laços eternos de amizade... É difícil lembrar que durante o tempo eles foram puindo e que alguns não deram pra remendar e simplesmente se soltaram.
Os amores que foram e vieram diversas vezes... Hoje tenho saudade da sensação de frio na barriga do início e até do sofrimento do fim.
Saudade sinto, até do tempo em que eu achava que tudo o que tinha na vida duraria para todo o sempre.
Saudade das gargalhadas sinceras... Não sabia que um dia elas tornar-se-iam gargalhadas amarelas, amargas e forçadas.
Saudade de achar que o iria ver chaves jogado no sofá da sala pra sempre.
Saudade de chorar porque caí na rua e ralei o joelho (é, mal sabia que havia motivos maiores depois que me fariam chorar e muito mais.).
Saudade até dos medos que criança tem: repetir o ano, levar palmada, quebrar um brinquedo caro... (pois é! Os medos foram igualmente proporcionais conforme a idade foi aumentando).
Saudade de quando meu mundo cabia numa pequena caixa preciosa e que podia mexer sempre que quisesse nela, pois o meu mundo quem fazia era eu, apenas eu e ponto final.
Hoje, meu mundo é tão grande e tem tanta gente dentro dele que se eu fizer como quero, poderei machucar quem não deve, e não, nunca pôr um ponto final fazendo valer minha vontade apenas.
Tenho saudade de ser quem eu nunca fui, para que um dia eu não possa ter nada para lembrar e com isso não poder sentir culpa ou vergonha por ter feito algo que eu não faria se fosse eu mesmo hoje.
Saudade tenho sim dos anjos que um dia puderam me dizer o que fazer e como agir... Se soubesse que eles iriam tão cedo embora da minha vida teria dito mais vezes que acreditava neles e que queria que eles continuassem a me guiar.
Sinto falta de algo que nunca fui ou de algo que nem sei se vou ser, mas sinto mesmo assim falta, sinto saudade e sinto que nem poderia sentir isso!(Risos.).
Dou-me conta que alguns fragmentos de vida se perderam... Coisas que não queria esquecer, mas com o tempo, inevitavelmente foram se apagando lentamente até virar pó e voar com o vento e com o vento irem para bem longe, sabe-se lá para onde, sabe-se lá para quem. E se esse “quem” pegá-las? O que ele fará?
Tenho saudade de quando o elo da corrente era novo e não arrebentava. Mas o tempo passou e o elo se oxidou e rompeu e para juntar de novo deu tanto trabalho que ficou junto do jeito que deu... E não deu em nada! Não uniu... Apenas juntou.


domingo, 19 de setembro de 2010

Admiração

Há dois meses estou assistindo um curso no MASP com o Rodrigo Queiroz, professor da FAU USP, sobre o tema que lhe é muito peculiar: Niemeyer, óbvio! Mas por que alguém que estuda arquitetura há 10 anos, gratuitamente, paga um curso sobre o arquiteto vivo mais clichê deste mundo? Vou confessar: em toda minha jornada só assisti uma única aula sobre Niemeyer e foi com o próprio Prof. Rodrigo, em uma disciplina na FAU do Prof. Segawa. E confesso também que nunca fui uma defensora fervorosa do Oscar (como o Prof. Rodrigo chama o coroa centenário!), apesar de ser carioca e já ter passado pela escola carioca da FAU UFRJ. Mas o que me atraiu no curso não foi o tema propriamente, mas sim a forma como o Prof. Rodrigo ministra suas aulas e palestras, como ele fala do Oscar de uma forma que faz tudo ter sentido. Pra quem achava que tudo no Niemeyer era gratuito, que todas aquelas curvas remetiam à mulher e aos morros das Minas Gerais e do Rio, até que consigo agora ler a ‘capacidade pedagógica’ na cronologia arquitetônica do Oscar e a ‘dimensão simbólica’ de suas obras. Deixei o preconceito de lado e vejo Niemeyer com outros olhos. Não vou dizer que é o cara que mais admiro e nem que suas obras são as melhores, esteticamente e funcionalmente. Óbvio que não (sim, a FAU USP me contaminou!), mas conhecer sua obra detalhadamente, como fez o Prof. Rodrigo, é um trabalho árduo e gratificante, imagino. E o discurso, a retórica, os adjetivos bem encaixados, a analogia não-óbvia que faz o Professor nas suas aulas, isso sim que eu admiro de verdade! Que fique aqui registrada minha admiração por mais um professor da escola, assim como tenho pelo Hugo Segawa, pelo Marcos Acayaba, pelo Alexandre Delijaicov, pela Regina Meyer, pelo Milton Braga e por aí vai...

Na penúltima aula no MASP, o Prof. Rodrigo comentou sobre a busca, tanto do Oscar como do Corbusier, pela ‘obra da sua vida’. E aqui eu deixo uma pergunta (leia-a e encare-a de forma genérica e ampla): “E aí, arquiteto (ou não), qual vai ser a obra da sua vida?”

domingo, 5 de setembro de 2010

Bon Jovi - These Days

Nostalgia Musical

Sempre tive dificuldade pra escutar um som novo. Pra aceitar como boa música, na verdade. Quando eu era de fato carioca (ok, ainda sou, é só força de expressão), eu escutava mais rádio, fuçava mais músicas novas, tinha mais curiosidade musical. Agora que sou forasteira, me acostumei com a minha boa e velha playlist e só ouço a dita cuja! Mas reside aqui um problema: toda santa música que eu escuto me remete a um momento passado. Ok, nada mal se lembrar de algo enquanto ouve sua música... Mas imagina isso em todas as músicas! Não dá.

Eu tenho me esforçado, estou tentando me atualizar, tenho liberado meus ouvidos para novos sons. Quero escutar música só por curtir e não para ficar coçando a memória!

Mas volta e meia ressuscito as antigas. E agora com a proximidade do show do Bon Jovi no Morumbi (sim, eu vou!), tenho escutado muito os álbuns da banda. E aí sim é uma overdose de nostalgia musical! E é impressionante... Durante os quatro ou cinco minutos da música eu consigo me levar exatamente para certo momento da minha vida. A música que eu postei na seqüência – These Days – é uma das minhas prediletas do Bon Jovi, só não é a mais remota porque todo mundo escutou Always antes de qualquer outra! Mas These Days é um poço de lembranças... Passou ainda agora, enquanto eu a ouvia, a lembrança das férias em Caraguatatuba, em janeiro de 1993 (se não me falha a memória). Descemos, nós cinco ainda, do Rio para Ubatuba pela estrada de Santos, para ficar na casa de um amigo do meu pai, da época da faculdade de Direito – Tio Rubens, hoje também falecido. Tio Rubens continuou advogando, meu pai desviou para o Jornalismo. Não preciso explicar porque o Tio Rubens tinha casa de praia e meu pai, não. Lembro então que a neta do Tio Rubens tinha um micro sistem, que era coisa de bacana, e também gostava do Bon Jovi. E ela tinha o These Days! A cena então que me veio à mente ao escutar a música hoje foi de quando a quase-prima saiu à noite e eu fiquei na casa, escutando baixinho o cd e lendo a letra no encarte. Eu tinha 11 anos, não tinha internet e ter um cd era algo difícil pra mim. Eu me deliciei naquela noite!

E qualquer semelhança entre o momento atual e a letra da música é mera coincidência...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Skank -- Sutilmente

Não olhe para trás!

Não é nenhuma novidade que eu quis dar um salto maior que minhas pernas. E olhe que eu tenho 1,20m só de perna! Também não é novidade que ia ser difícil, que o caminho seria longo e árduo... Mas sinceramente, eu nunca achei isso! Nem que seria difícil nem que o salto era tão grande. Eu sempre achei que era um caminho natural, relativamente fácil pra minha capacidade. Sim, modéstia não é meu forte. Não sou hipócrita, só isso. Eu sabia onde podia chegar. Nunca tive medo, nunca tive vergonha. Pelo contrário, sempre fui corajosa e ambiciosa, no bom sentido, sempre quis dar o melhor de mim, não me contentava com pouco, com o óbvio, com o fácil.

Não era pra ter sido tão complicado. Mas foi, muito, aliás. Tanta coisa podia ter sido evitada, ter sido repensada, com mais calma e serenidade talvez. Eu podia ter tomado decisões sem esperar tanto tempo, resolvido situações sem ter deixado chegar ao limite. E por aí vai... Tudo poderia ter sido muito diferente. Mas não foi. E por mais que explique, explicite, exponha, ninguém terá a real dimensão do que estes últimos 10 anos foram para mim.

Reparem que eu só usei verbos no pretérito anteriormente. Mas não pensem que tudo agora, no presente momento, está muito diferente, aliás, até está bastante diferente, mas enquanto os resultados não forem mais concretos, não posso afirmar que de fato tudo está resolvido. E uma das novas posturas que eu tento ter é justamente não olhar para trás a todo instante e lamentar o que ficou por lá. Até consigo assimilar bem essa iniciativa, mas tem um ponto muito difícil em não olhar para trás.

Difícil, não, é triste mesmo! É pensar em todas as pessoas que ficaram pra trás nesta história toda, aquelas que chegaram muito perto e outras que nem perto eu deixei chegar. E elas todas, por um mesmo motivo, se distanciaram... Injustiça minha afirmar isso! Não foram elas, fui eu que me afastei, claro! Sumi mesmo, desapareci, perdi o contato propositadamente. E isso é muito triste! Essas pessoas me fizeram tão bem, poderiam ter feito ainda melhor... Algumas eu ainda consigo ‘pescar’ de volta, aos poucos me aproximo novamente, dou-lhes um sorriso sincero e tenho uma nova chance. Mas na maioria das vezes, para mim, é muito difícil fazer isso. Vergonha, timidez, receio... Um misto de tudo! E daí eu vou adiando essa aproximação, deixo os dias passarem, os meses, os anos... E volta e meia alguém volta e pergunta: “Mari, o que aconteceu? Você sumiu!” E ao invés de ficar contente, surpresa... Não! Fico apreensiva, acanhada. Com alguns eu ainda consigo ser bem sincera e tenho ótimos retornos, mas com outros ainda não.

Hoje um colega querido, de Barcelona, quis me ‘pescar’ de volta. Eu não deixei. E olha que eu nunca fui medrosa...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Little different...

A distância opera milagres. Uma amiga fez este comentário sobre a sua relação com o irmão após mudar de cidade e ficar distante da família. Este é um fato sabido por nós, de longe tudo fica mais embaçado e, portanto, mais bonito. E hoje em dia, com as relações cada vez mais intermediadas pelas tais redes sociais, temos sempre a tendência de deduzir que a vida alheia está ótima, obrigada. Mas daí é só se aproximar um pouco, olhar com mais calma para perceber que, salvas as diferentes escalas, cada um guarda consigo seus problemas, angústias, decepções, limites, frustrações...

O que vale à pena observar nestas aproximações é a forma como cada pessoa convive com o lado ‘barra pesada’ da vida e não deixa de procurar a tal felicidade, não perde a vontade de acordar todos os dias e, principalmente, não se afasta tanto do cotidiano real e concreto de onde retiramos as doses diárias de alegria e otimismo.


Papo meio auto-ajuda, não?! Pode ser... Julho se aproxima e é chagada a hora de rever os grandes amigos, de aproximar-se deles, olhar de perto e tirar as devidas conclusões. Sinto um misto de ansiedade e medo, pois à medida que eu olho-os de perto, assim como em um espelho, eles vão me olhar também. Talvez não seja o melhor momento para me aproximar tanto, mas não há como evitar. E nem é ideal que eu evite. Como um remédio amargo, não vai ser fácil tomá-lo, vai descer mal pela garganta, mas o resultado é previsível, pois eles só me fazem bem, é óbvio!


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Logotipo, Cartazes e Mascotes das Copas

Tomei a liberdade de sugerir um post no blog Alept.com, muito bom por sinal, onde há uma relação dos logos, cartazes e mascotes das Copas, mostrando a evolução do design gráfico.
Gosto muito do design do México 70 e da Alemanha 2006, cada um com a sua marca contemporânea.

Vale um click!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A urgência da vida

Hoje eu acordei mais saudosa. E pra variar, vou falar de saudade. Não! Não é simplesmente saudade. É uma necessidade de comparação entre o que eu aprendi até meus 17 anos e o que eu sou e fiz até hoje. Sim é sobre meu pai. Por isso é também sobre saudade.

Acordei saudosa, sentei no sofá, o cheiro do café, pão fresco, brisas de uma alegria vindoura e sem motivo. As notícias da Copa e da tragédia diluviana no Nordeste. Impossível não solidarizar-se com alagoanos e pernambucanos. Sou filha de nordestina, imagino bem a escala das necessidades pelas quais estão passando. Me revolto com a falta de atenção pública ao que acontece por lá, bem diversa da prepotência metropolitana a qual estamos acostumados aqui no ‘Sul’, como dizem lá no ‘Norte’.

E como a maioria dos brasileiros, deixo-me ludibriar com as notícias da África do Sul. Mas não pelas notícias dos jogos de hoje ou da Seleção que joga amanhã com Portugal, já classificada. Aqui entra a nostalgia, ao ver no link ao vivo na TV os brasileiros que foram até a África do Sul ver os jogos. No fim dos anos 90, depois do Tetra na Copa de 94 nos EUA e das Olimpíadas de 96 em Atlanta, lembro-me de como meu pai lamentava de não ter ido a nenhuma das duas edições, por ser relativamente tão perto e acessível. Ele dizia: “Precisamos ir pra uma Copa ou pras Olimpíadas. E logo!”. Eu pensava alto: “Sair do país?! Somos pobres, pai!”. Ele acrescentava: “Em 98 vai ter Copa na França, eu não sou bom no francês”. Eu continuava espantada com tamanha prepotência financeira! Ele concluiu: “Mas em 2000 tem Olimpíadas em Sydney. Então vamos pra Sydney!” (Com o ‘vamos’, leia-se ele e o seu filho homem que gosta de futebol, boxe, atletismo, F1... ou seja, eu!). Eu conclui sozinha: “Meu pai está louco! Impossível ir pra Austrália!”. Ele fazia planos financeiros, datas, trabalho, que eu já teria terminado o colegial... Mas só depois do fatídico dia das mães de 99, é que eu pude entender o caráter de urgência daquele plano de viagem. Ele dizia: “Tem que ser logo!”. Não importa como íamos pagar, não podíamos perder a oportunidade que se aproximava.

Mas perdemos.

Hoje eu assisto sozinha à Copa em São Paulo; a caçula dele, que também se enveredou pelo gosto esportivo, assiste sozinha lá no Rio. Nós duas, eu e a caçula, até hoje só fizemos a grande façanha de ir apenas aos jogos do Pan no Rio, em 2007. Estamos animadíssimas com 2014 e 2016. Creio que o destino, ou seja lá que força suprema, conspirou a nosso favor e poderemos ir finalmente tanto à Copa quanto às Olimpíadas em breve, dentro das nossas limitações financeiras (ainda!). Por enquanto, me limito a assistir aos jogos na África do Sul, ainda que eu não torça freneticamente para a Seleção do Dunga, trocando meus achismos com os da minha irmã caçula via internet.

A comparação que mencionei logo no início da postagem é sobre como ele planejava a vida e a vivia com urgência, e como eu planejo e vivo a minha vida, pensando sempre que amanhã é o melhor dia pra se viver do que o hoje.

E assim, eu quase posso afirmar: hoje de manhã, ele veio aqui, sentou do meu lado no sofá e está esperando o jogo da Itália, às 11h.

Festa Junina da Família dos Pés Sujos!


Pra quem ainda se espanta quando falo que sou filha de nordestina, taí uma fotinho que eu gosto muito!

Left to right: Tio Cainho (vulgo Manguaça), Tia Ivete, Mamãezinha, Tio Nenco (numa boa fase sóbria) and I!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Marcas Cicatrizadas

Ele estava sentado no chão, num degrau. Eu o vi de relance, de costas, e me assustei, me surpreendi com ele ali sentado. Ele estava sem blusa, suas costas à mostra tinha aquele mesmo tom moreno de sempre, sem nenhuma marca aparente. Nervosa, eu sentei ao seu lado, pois já não conseguia o observar de pé, minhas pernas bambeavam. Sentei e mirei seu rosto, que tinha um sorriso quase sem-vergonha, de quem andou aprontando umas e outras. Ele não me encarou no primeiro instante, olhava para o horizonte como se estivesse a refletir. Olhando aquele sorriso, eu o perguntei: “Por onde vc andou? Onde vc estava esse tempo todo? Por que sumiu por tanto tempo?” Ele me olhou nos olhos, sorriu mais ainda e disse que agora ele estava pronto pra voltar, que suas marcas já estavam cicatrizadas. Me perguntou se eu queria ver as suas marcas. Eu gelei e disse que não. Eu não precisava ver as marcas do resto do corpo, pois aquela do rosto havia desaparecido. Sua face era limpa e doce, barba feita, cavanhaque desenhado, dentes branquinhos. Olhando-o, eu senti meu corpo formigando de cima a baixo. Minha voz travou, eu soluçava com o choro iminente. Uma sensação de alívei, como se tudo tivesse voltado ao seu lugar. Era a emoção de vê-lo de novo, de volta, ali vivo ao meu lado. E aquilo que eu sentia era real, a sensação física foi real. O resto foi apenas sonho.

Foi rápido, mas foi suficiente pra ele me avisar que ele está bem. Eu entendi o recado.

Da última vez que eu o vi, ele veio pra me dizer que estava tudo bem, mas as marcas eram visíveis, no rosto, no peito, na barriga. Não sangravam mais. E eu entendi aquele primeiro recado. Fez minha revolta se transformar em saudade. Mas ainda penso nele e às vezes a indignação é inevitável.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A 11 do Romário

Muitos falam do Zico, maior ídolo rubro-negro. Sim devo concordar, mas pra mim ídolo mesmo é aquele que vc acompanhou, torceu, empurrou aos gritos. Muitos outros falam do Júnior. Sim, guardo uma nostálgica lembrança daquela cobrança de falta na final do Brasileirão de 92. Eu assisti, tinha 11 anos e já era o filho homem que meu pai não teve! Acompanhava futebol, fórmula 1, boxe nas madrugadas. Isto nada tem a ver com orientação sexual, ok! Voltando ao Júnior, eu guardo aquele campeonato brasileiro como minha adesão à nação rubro-negra. Mas Júnior já tinha seus quase 40 anos e infelizmente cheguei tarde para acompanhá-lo!



Depois veio a Copa de 94, onde eu já era experiente na arte de ser torcedora fanática por futebol, aos 13 anos! E eu vi. Sim, eu vi o Romário jogar, brilhar e levar o Brasil ao Tetra! Como eu me orgulho! Quando em 95 o Baixinho vem para o Flamengo, no ano do Centenário, e mesmo com o fatídico gol de barriga do Gaúcho e a minha 1ª grande tristeza por derrotas, ainda assim, Romário já era o cara pra mim.



Em 09/05/1999, no dia das Mães, eu perco meu pai. Exato 1 mês depois, eu 'ganho' o Estadual com o Flamengo, com Romário ainda no elenco. No meu aniversário daquele ano, 06/12/99, minha mãe me presenteia com a tão sonhada oficial 11 do Romário. Exatos 10 anos depois daquele aniversário, 06/12/2009, ao completar 28 anos eu 'ganho' meu 1º Brasileirão, o Hexa do Flamengo. Coincidência numerológica? Não. Era pra ser! Nasci no ano do Mundial, 1981! Minha maior alegria é ser rubro-negra! SRN a todos!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O estereótipo do estudante de arquitetura

Acabei de chegar (já são 2h30 da madruga, cheguei às 23h30.. rs) de um debate no Museu da Casa Brasileira sobre os outros planos do concurso para Brasília. Muito interessante, inclusive. Nunca tive aula sobre os demais finalistas, apesar de ouvir muito falar na FAU sobre o projeto do Rino Levi, que era o melhor e tudo mais... Mas acho que é mais uma do bairrismo paulista. Na mesa, arquitetos participantes da ocasião do concurso: Jorge Wilhein, Pedro Paulo de Mello Saraiva, Marcio Roberto (filho de um dos Irmãos Roberto). Na platéia, além de Marianinha, nosso charmosíssimo professor Milton Braga, a mestre do paisagismo, Rosa Kliass e por aí vai. Eu, como sempre muito intrometida, me sinto muito bem ao lado desses cartolas, não me incomodo nem um pouco. Ouso até dizer que eu nasci pra isso mesmo, para colocar minha estrelinha no meio dessa constelação. Não sou falsa modesta não! Nunca escondi que eu sou ambiciosa, não no sentido pejorativo, mas no que diz respeito a querer sempre o melhor pra mim.

E é engraçado como eu olho para trás e reflito sobre as reais chances que eu tinha de me dar bem na vida. Não falo de grana, poder, nada disso! Falo de matar minha curiosidade, só isso. Porque foi só isso que eu fui, curiosa! No mais, não tenho nenhuma diferença dos meus primos queridos cariocas, que já formaram família, tem filhos, tem emprego para tocar a vida, gostam de cerveja barata e futebol... Fora isso, só a curiosidade. E foi ela que me fez sentar, ter paciência e estudar, porque eu não podia morrer sem pelo menos tentar!

E justamente qundo eu estou no meio dessa constelação toda que me cerca, é que eu me camuflo de "menina que teve berço". Claro que educação dentro de casa eu sempre tive, mas estou falando de outro berço. Outro dia, em uma conversa com um professor da FAU, ele mencionou alguns tipos de habitação que existem na periferia de Nova York: "Você sabe aqueles sobrados novaiorquinos? Aliás, você já foi lá certo? Mas como não?!" Me perguntei depois: Porque ele se espantou com o fato de eu nunca ter ido à Nova York? A resposta é a mais sincera: Eu tenho fala, pose e postura de quem já viajou o mundo. Mais sincera ainda: Tenho cara de rica! É fato. Por várias ocasiões eu percebi que os outros lidavam comigo como se eu fosse da elite intelectual e financeira. E também já vi muita cara de decepção quando alguém descobre o contrário sobre mim! Seria cômico se não fosse trágico!

E sobre o debate de hoje, na minha frente haviam dois rapazes. Eu já viciada em detectar os tipinhos dos estudantes de arquitetura, não imaginava que eles o fossem. Quando o debate abriu ao público, um dos rapazes levanta o braço e faz uma pergunta, mas antes se apresenta: estudante de arquitetura da São Judas, 3º ano. E eu não escondo que me surpreendi por eles serem estudantes de arquitetura. Sim, não sou hipócrita! Acho que de tanto sofrer vendo as caras tortas dos meus colegas quando eu falo que sou do subúrbio do Rio, que nunca saí da região sudeste e, muito menos, Nova York, acabei me camuflando e virando um personagem. E hoje eu me vi em um espelho e, sim, me surpreendi. E voltei para casa pensando em me despir dessa máscara intelectual, que não é proposital, é quase automática depois de tantos anos de curiosidade no meio dessa realidade, que não é a minha e nunca vai ser, porque eu nem espero e nem desejo que assim seja!

Só vim aqui por curiosidade! Só vim saber das novidades! De resto, quero mais é sentar em um boteco em uma esquina carioca e tomar uma cerveja gelada e barata com meus primos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Chega de Saudade...

Não, não é a música do Tom Jobim e do Vinicius. O título acima é para dar um basta nesta rotina de só sentir saudade. Completam-se cinco anos que eu sacudi a poeira e resolvi virar esse mundo atrás de um lugar só meu pousar de vez e, desde então, eu só sei venerar e admirar aquilo que ficou para trás. Tudo que não está aqui perto é melhor, é mais bonito, é mais feliz, mais fácil, mais convidativo. Acredito que este “vício” não seja tão raro, outras pessoas também devem padecer deste mal: a Nostalgite Aguda!

Verifique seus sintomas: Se para você os melhores e verdadeiros amigos são aqueles que estão a quilômetros de distância ou então são aqueles que você nem tem mais tempo nem dinheiro para encontrar, ou são amigos que atualmente têm uma rotina tão diferente da sua que, pensando bem, talvez você nem queira encontrar pessoalmente... Está aí um forte sintoma da Nostalgite Aguda.

Mais sintomas: Se depois de um dia corrido, você relaxa e lembra como era bom aquele lugar, naquela época remota, com aquele clima agradável, ao lado daquelas pessoas felizes e como você conseguia sobreviver com aquela merreca de dinheiro... E ao fim, suspira: Eu era feliz e não sabia! Agora é fato: seu mal está em um estágio avançado!

E o mais grave dos sintomas: Se depois de “conhecer” pessoas interessantes pelas esquinas da vida, você sempre conclui na manhã seguinte que queria mesmo era acordar nos braços daquela sua “ex-pessoa” de 17 anos atrás... Porque só ela sabe do que você realmente gosta, só ela iria ao altar com você, só ela te deixa à vontade para ser o que você é, só ela palitava os dentes na sua frente, só ela roncava afinado e só ela ia ao banheiro de porta aberta sem a menor cerimônia... Meu caro, vá se tratar com urgência!

Convenhamos, este é o jeito mais fácil de encarar a vida! Tudo que está lá trás, é muito melhor do que aquilo que você tem hoje e, por isso, para que empenhar-se, batalhar, suar a camisa se o que virá no decorrer do dia sempre será pior do que foi ontem? Medicação para a Nostalgite Aguda: Acorde, olhe para o seu rosto amassado pelo tempo, capriche no make-up, solte os cabelos, tome aquela dose diária de otimismo e encare o hoje, meu bem! Nem o ontem, nem o amanhã, hoje você só terá a responsabilidade sobre o hoje. Parece fácil? Você sabe que não é.

Baía de Guanabara a leste

Continuo à procura do nascer do sol paulistano. Enquanto isso vemos aí o subúrbio carioca às 6h e pouco da matina.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Em busca do post de cada dia

Não é fácil ter um blog. A menos que ele seja de fato seu diário virtual, o que eu não desejo. Eu sei que é impossível ser totalmente impessoal em um blog, até porque eu não sou jornalista, nem escritora, nem nada! Mas estou me empenhando, tentando achar um traço do talento de papai em mim!

Confesso que isso aqui é mistura de ânimo e angústia. Como não tenho obrigação profissional de ser uma exímia escritora, fico muito mais entusiasmada para escolher um tema para o próximo post. É como se obrigação e criatividade fossem inversamente proporcionais! Fico navegando de blog em blog, mesmo nos desconhecidos, para sentir o que rola por aí.

Em contrapartida, é mais uma angústia para enfileirar na prateleira do quarto. Não sei se é somente uma empolgação de início, mas agora passo o dia atenta às conversas, ao que escuto, ao que falo, ao que vejo, ao que sonho... Como se a qualquer momento viesse uma dica, um sinal do que escrever logo mais. E quando não vem durante o dia, ponho a cabeça no travesseiro à noite e repasso todo o dia à procura do que eu deixei passar! Foi o que aconteceu ontem: deitei, repassei o meu dia e pensei: Amanhã irei escrever sobre a busca do post de cada dia!

Não sei se os escritores são tão angustiados assim, mas isso deve ser um sintoma natural de principiante. Vou me adaptar à nova jornada. Mas não reclamo. E espero não decepcionar quem se propuser a ler meus escritos por aqui! “Vamu que vamu”! Bom dia a todos.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Esses amigos...

São Paulo, 17 de maio de 2009.

Ontem eu tive um sonho preocupante. E veja que meus sonhos são quase reais. Sonhei com uma amiga que não vejo e não falo há mais de dois anos. Sou madrinha de casamento dela e também é uma amiga da época de escola, dos meus 16 anos. Sonhei então que Patrícia tinha se separado e que já era mãe! Na verdade, o sonho espelha a minha preocupação em contatá-la e saber de uma dessas “novidades”. À noite, tomei vergonha, e liguei para ela. Parecia que a gente tinha se falado há uma semana. E não havia nenhuma das novidades.

Outro dia li uma algo que dizia que enquanto os dias demoram em acabar, os anos passam voando. É verdade. Como é difícil tomar a noção temporal da passagem de um ano. E de dois ou cinco ou dez anos. Na escala do ano, tudo é muito difícil de perceber, de notar diferenças. Pelo menos para mim. E quando se trata de amigos distantes, parece que fica ainda mais notório. Mas não tome esta afirmação como desculpa para procurar seus amigos a cada dois anos! Falo por experiência própria.

Outro dia, no Orkut, achei uma “coleguinha” minha de infância, da época do primário do colégio IACI, em Brás de Pina. Viviane era uma menina lá do bairro, humilde, vivia com a sua avó, mas, assim como eu, teve a sorte de estudar em um colégio particular. E pelo Orkut, então, vi que ela já havia casado, separado e tinha uma menina. E ficamos pelo Orkut mesmo. Uma ou outra conversa no MSN e mais nada. E assim somos, pelo menos eu sou, com a maioria dos amigos que reencontro por lá. Fico pensando que valeria muito á pena reencontrá-la. Nesse mundo onde as novas amizades que surgem são sempre duvidosas, nada como resgatar aquelas das quais sabemos (ou pelo menos, sabíamos) que são de verdade.

E assim eu posso listar aqui uma dezena ou mais desses amigos que vão se perdendo, e dos quais a maioria não está no meu Orkut – como a Patrícia. E, os que estão no Orkut, parecem que estão fadados ao esquecimento total, é quase um carimbo de “nos conhecíamos e não nos conhecemos mais!”. Talvez se a Patrícia estivesse no meu Orkut, eu não ligaria para ela naquela noite. E não preciso aqui dizer a enorme diferença que tem em deixar um scrap e ouvir a voz daquele amigo. Incomparável.

Por isso, hoje, domingo, eu tomo a decisão de ligar para os meus amigos nos aniversários e quando bem entender também. E de fazer um esforço para revê-los para reavivar a amizade. Não somos nada sem amigos, próximos ou distantes, ao vivo ou pelo telefone, nada paga o preço de uma boa amizade. Talvez eu tenha amanhecido um pouco mais nostálgica hoje, mas que sirva para que não mais os anos passem voando, quando se fala de amigos.

Só para deixar registrados os amigos que estão por aí e não estão meu Orkut (e acredite: não estar no Orkut é um bom sinal!): Renatinha, também do IACI; Morgana, do N. S. das Graças; Néia, de Penha Longa; Silvinha, do ABC do Pezinho; Kátia, do Penha Shopping e outros mais...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Amanhecer

“Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã” (Gonzaguinha)



Eu não gosto de acordar cedo. Melhor, eu não gosto mesmo é de dormir pouco. Gosto de ficar 8, 10 e até absurdas 12h na cama. Como eu tenho milhões de ambições na vida, concordemos que este meu projeto de vida não combina com tantas horas de sono. Embora eu goste de dormir muito, não curto acordar tarde. Quando eu acordo, olho no relógio e já passou das 10h da manhã... Pronto! Acabou meu dia, sem mesmo ter começado. Mas quando eu me dou ao luxo de despertar e ver o nascer do sol... Ah, que delícia! Não me importa as poucas horas de sono, as olheiras, o dia anterior cansativo ou o dia que ainda estar por vir. O que importa é olhar para leste e sentir a força do sol te despertando. O que importa é ouvir o cantarolar dos passarinhos te chamando para a vida. E se o amanhecer vem acompanhado do cheiro do café fresco e do pãozinho requentado, não há como não começar o dia feliz. Esta receita é melhor do que qualquer tarja preta, só não é melhor do que outro despertar... mas neste caso eu iria necessitar de um segundo protagonista nesta história e ultimamente eu não ando podendo contar com a boa vontade alheia. Voltando à cena do amanhecer, hoje eu acordei cedo, muito cedo, tão cedo que... Sim, eu não dormi para poder acordar cedo. Coloquei meu pão no forno, passei o café, peguei o jornal, liguei o note e a TV. Notícias sobre o Haiti, sobre futebol, sobre a chuva. E por fim a previsão do tempo para o fim de semana. São Paulo para variar vai estar sob fortes chuvas, não só aqui mas pelo que falou a mocinha, todo o Sudeste. Pensei: Não vou ficar tão chateada por perder o fim de semana no Rio. O noticiário prossegue com imagens de algumas capitais: São Paulo, Porto Alegre e... Uma imagem do amanhecer sobre a Baía de Guanabara, emoldurado pelo Pão de Açúcar. Até aí nada demais, termômetro marcando 25° denunciando mais um dia de calor do verão carioca. O que me deixou boquiaberta e nostálgica foi a cor alaranjada do sol entrando no azul claro do céu de poucas nuvens. Nostalgia é exagero, foi só uma breve saudade. Falo isso porque há poucos dias tive o prazer de despertar com este alaranjado varrendo a cama da minha mãe, onde eu dormia em companhia da minha irmã caçula. Janela e porta da sacada voltadas para leste, convidando o sol a te acordar suavemente, sem os agudos do despertador nos meus ouvidos. Como eu estava de férias, acordei, admirei a cor reluzente que vinha da linha do horizonte, entretanto, fechei as cortinas e voltei a dormir. Falo sempre que faço arquitetura porque morei em uma casa que me ensinou tudo o que não se deve fazer em um projeto. Com exceção à janela e à sacada do quarto atual da minha mãe, voltados para o belo leste carioca. Como eu queria este despertador natural aqui em São Paulo! Impossível, por dois motivos. Primeiro, as janelas do meu apartamento paulistano são voltadas para sudoeste, não consigo olhar a leste nem da janelinha do banheiro. Segundo porque, definitivamente, o sol não nasce aqui em São Paulo. Ele surge, não sei como, lá pela metade do dia em meio às cinzas nuvens, mas ele não nasce. Nunca presenciei o amanhecer do sol paulistano, nunca! E vou continuar a acreditar que de fato não há amanhecer por aqui.