sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sobre Saudade

(Lindo texto escrito por um amigo lindo, Luiz Lopasso. Adorei! Profundo e extremamente poético!)

Eu tenho saudade de coisas que eu nem mesmo sei às vezes.
Tenho saudade de sensações, cheiros e visões de pessoas que nem sei ao mesmo se existem ou um dia chegaram a passar pela minha vida.
Ás vezes um momento no tempo me traz lembranças de que eu nem deveria ter vivido ou lembrado... Sinto que quase que sempre há um limite tênue entre o real e o imaginário-irreal. Ou quem sabe surreal?
Sinto saudade daquele tempo em que aquele menino podia brincar despreocupado, com o pé no chão e a cabeça na lua.
Saudade de poder chegar em casa, depois da escola, e tomar café assistindo tv e tendo que lembrar que ainda tinha dever de casa pra fazer e que se não fizesse certamente ia levar bronca no outro dia.
Fico triste em saber que com o tempo, os presentes de natal vão diminuindo e as pessoas que os davam também acabam sumindo da sua vida, mesmo que achasse injusto isso acontecer... São coisas da vida!
É nostálgico lembrar-se dos laços eternos de amizade... É difícil lembrar que durante o tempo eles foram puindo e que alguns não deram pra remendar e simplesmente se soltaram.
Os amores que foram e vieram diversas vezes... Hoje tenho saudade da sensação de frio na barriga do início e até do sofrimento do fim.
Saudade sinto, até do tempo em que eu achava que tudo o que tinha na vida duraria para todo o sempre.
Saudade das gargalhadas sinceras... Não sabia que um dia elas tornar-se-iam gargalhadas amarelas, amargas e forçadas.
Saudade de achar que o iria ver chaves jogado no sofá da sala pra sempre.
Saudade de chorar porque caí na rua e ralei o joelho (é, mal sabia que havia motivos maiores depois que me fariam chorar e muito mais.).
Saudade até dos medos que criança tem: repetir o ano, levar palmada, quebrar um brinquedo caro... (pois é! Os medos foram igualmente proporcionais conforme a idade foi aumentando).
Saudade de quando meu mundo cabia numa pequena caixa preciosa e que podia mexer sempre que quisesse nela, pois o meu mundo quem fazia era eu, apenas eu e ponto final.
Hoje, meu mundo é tão grande e tem tanta gente dentro dele que se eu fizer como quero, poderei machucar quem não deve, e não, nunca pôr um ponto final fazendo valer minha vontade apenas.
Tenho saudade de ser quem eu nunca fui, para que um dia eu não possa ter nada para lembrar e com isso não poder sentir culpa ou vergonha por ter feito algo que eu não faria se fosse eu mesmo hoje.
Saudade tenho sim dos anjos que um dia puderam me dizer o que fazer e como agir... Se soubesse que eles iriam tão cedo embora da minha vida teria dito mais vezes que acreditava neles e que queria que eles continuassem a me guiar.
Sinto falta de algo que nunca fui ou de algo que nem sei se vou ser, mas sinto mesmo assim falta, sinto saudade e sinto que nem poderia sentir isso!(Risos.).
Dou-me conta que alguns fragmentos de vida se perderam... Coisas que não queria esquecer, mas com o tempo, inevitavelmente foram se apagando lentamente até virar pó e voar com o vento e com o vento irem para bem longe, sabe-se lá para onde, sabe-se lá para quem. E se esse “quem” pegá-las? O que ele fará?
Tenho saudade de quando o elo da corrente era novo e não arrebentava. Mas o tempo passou e o elo se oxidou e rompeu e para juntar de novo deu tanto trabalho que ficou junto do jeito que deu... E não deu em nada! Não uniu... Apenas juntou.


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