segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Da série ‘Lembranças Musicais’

Hoje passei o dia escutando Gal, Bethânia, Chico, Alcione... Enfim, todos estes foram herança musical da minha mãe. Já fui acordada muitas vezes pela voz forte da baiana cantarolando pela casa. Ela canta meio sem ritmo, estica demais as palavras, fecha os olhos enquanto canta e lembra-se de algo que só ela deve lembrar... D. Ivanete é uma figuraça! Sem dúvida a pessoa mais correta e mais sensata que eu conheço. Uma das músicas que mais me vem à memória com a voz de mainha é ‘Gostoso Veneno’, da Bethânia: ‘Tô com saudade de tu, meu desejo... Tô com saudade do beijo e do mel... Do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de passear no teu céu’. E por incrível que pareça esta música não me remete a algo romântico. Lembro perfeitamente que minha mãe cantava essa música pra minha irmã caçula, quando criança. Pegava no rostinho dela, olhava nos olhos e ia: ‘Tô com saudade de tuuuuu, meu desejo’. E a miúda fazia uma carinha de quem não estava entendendo nada... Era lindo! Juntando a voz de mainha, a melodia, o jeitinho da Niza, a eterna caçula bebê... Lembrança linda... Inesquecível!

Outra música que muita gente liga à relação de um casal, mas que na verdade é uma declaração de amor entre amigos é ‘All Star’ do Nando Reis. E essa não tem outro destino na minha memória: Eu a canto, a escuto... e troco partes da letra: ‘Estranho seria se eu não me apaixonasse por você... Estranho é pensar que o bairro... do Cascatinha, satisfeito sorri, quando chego ali...’ Pra quem não entendeu, Cascatinha é um bairro da minha querida Juiz de Fora, e a pessoa pela qual seria estranho caso eu não tivesse me apaixonado só pode ser uma: Bruno! A letra é perfeita pra nós dois... Guardo um momento nosso para cada parte da música: ‘Não vejo a hora de te encontrar e continuar aquela conversa que não terminamos ontem e ficou pra hoje’. Aqui eu me lembro da nossa última conversinha ao vivo, da janela de um tal apartamento, no horizonte as luzes de Juiz de Fora à noite... Catarse total! Chorei um monte com as palavras dele, que sabe exatamente como falar ao meu coração, que sabe me ouvir, que entende o que se passa aqui dentro... Depois daquela conversa, retoquei a maquiagem e fomos pra um bar. E lá tocou ‘All Star’, com uma banda ao vivo. Expliquei pra ele que aquela era uma música de amizade, feita pelo Nando Reis pra Cássia Eller. Abracei-o forte, cantarolei no ouvido dele... e chorei, claro! Momento único. Só perde para o chororô do dia da formatura dele, que caiu no dia do meu aniversário, no ano passado. Alias, tem também uma conversa debaixo da árvore em frente a minha casa no Rio, outra conversa no banco da Praça de Chiador em um réveillon remoto... Enfim, não dá pra elencar a mais marcante! Vindo do Bruno, tudo é marcante!

Eu te amo, amigo! Feliz 30 anos!