terça-feira, 20 de novembro de 2012

Essa é minha vida, esse não é meu mundo!

É duro viver em um mundo materialista. Eu, que sempre fui desapegada de bens materiais, começo a bater de frente de forma mais traumática com essa realidade. Na verdade, nunca fui tão apegada a certos bens porque não os tinha, na maioria das vezes. Ao invés de ficar sofrendo por não ter uma roupa da moda, por não ter aquele aparelhinho eletrônico, por não ter os produtos de beleza que as outras meninas tinham, eu relaxei e fui tocando a vida. E Isso na adolescência, ou seja, não foi tão fácil assim! Mas já que meus pais não podiam comprar os produtos da moda, eu nada podia fazer a não ser aceitar esta situação.

É duro também viver em um mundo individualista. Aliás, não sei o que vem primeiro: o materialismo ou o individualismo! Sobre este último, digo que assim como a grande maioria dos jovens, cresci pensando que em algum dia, eu ia poder ter uma vida bacana e ter aquilo tudo que eu não pude ter nos anos anteriores, isso fruto de muito estudo e trabalho. Pra começar, eu teria que entrar numa universidade pública (e gratuita principalmente!), pois senão nem faculdade eu teria. Isso não foi  problema, entrei. E talvez tenha escolhido um curso onde o individualismo é determinante. Arquitetura é o lugar dos “meus projetos”, da “minha ideia”, do meu “processo criativo”. Talvez outros cursos também assim sejam, pois ao fim tem-se um profissional de caráter majoritariamente autônomo. Eu sempre tive certeza de que eu precisava me bastar por mim mesma e isso me gerou uma grande insegurança: sempre achei que eu sabia de menos, que não era suficiente, que em algum momento isso ia ser constatado e por aí vai. O problema é que quando a sua formação tem este caráter individualista, os seus outros colegas nunca demonstram que também têm essa insegurança. Pelo contrário, todos exaltam a sua destreza na primeira oportunidade de se autovangloriar.

E nesta minha jornada de “criar e me criar” no curso de Arquitetura, fui pulando de instituição em instituição, atrás de uma segurança de nome, de fachada, de status, já que pessoalmente eu sempre havia sido um poço de insegurança.  Hoje, não há mais pra onde ir. Cheguei ao lugar mais alto, no céu das vaidades individualistas, onde estão os ditos detentores da verdade e os formadores de opinião. E isso nada me traz em segurança, pelo contrário, me sinto impelida a ser cada vez mais bem informada, cada vez mais cheia de ideias, cada vez mais inteligente. Ou eu seguia essa jornada individualista, quase narcisista, ou ficaria rapidamente para trás. É aquela velha máxima: Quanto mais alto, maior o tombo!

Era óbvio que eu não conseguiria. Talvez nem eu tenha tido a consciência do tamanho da encrenca em que eu estava me metendo. E, sim, só quando acontece de fato o tombo e quando começamos a ver a cor do fundo do poço, é quando realmente também começamos a ver a reta final desta jornada. E isso não é nada fácil. Não tem sido, aliás. Mas quando se vê a tal reta final, é chegada a hora de pegar um atalho. Pensei em mil atalhos, e continuo pensando. Se na estrada original, as dúvidas já são muitas, imagine num atalho! Mas o bom de ter poucas certezas é saber que é nelas que você tem que se apegar. Não tem jeito, são suas únicas certezas!

E talvez a minha certeza mais evidente seja que eu não nasci para este mundo individualista! Estou há quase 15 anos tentando entrar nele e talvez por isso eu não tenha conseguido me estabilizar. Não é o meu caminho, não é o meu mundo. Sou do coletivo, sou da ajuda mútua, sou da troca, sou do eterno aprendizado. Não quero deter em mim nada que eu não possa compartilhar. Não quero o ego, não quero a realização pessoal, não quero a promoção solitária.

Era pra eu ter escrito uma crônica, ilustrada pelo vídeo abaixo, de onde eu tirei algumas dessas conclusões. Mas, mais uma vez, saiu um desabafo! Espero que o caro leitor possa pelo menos espelhar esse lenga-lenga na sua própria vida. E o vídeo? A minha crítica seria em cima destes comerciais da Nextel para a TV, onde alguns fazem uma apologia intimidadora ao sucesso pessoal. Roteiro básico: “Eu me dei mal, eu não tinha nada, eu era um zé-ninguém e hoje sou o que o sou. Nextel, esse é meu mundo!” Me diga se isso não é cansativo só de assistir?! O vídeo abaixo não é um desses com uma figura “ilustre” em especifico. Escolhi este vídeo mais geral, porque nele o roteiro inclui um “não é dinheiro, não é fama, não é carreira, não é poder”, como que para se retratar do caráter puramente individualista dos demais, mas acho que não conseguiu. Porque a partir do momento que o roteiro inclui um cadeirante numa trama de caminhos conectados por escadas, está me dizendo outra coisa além do que escuto: Por mais longe que consigamos chegar, por mais autossuficiente que pareçamos ser, por mais autônomos que possamos viver, sempre é chagada a hora de seguir em frente com a ajuda, com a troca, com a generosidade. Esse é meu mundo!


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Infidelidade e outras drogas

Acabo de ver um filme que transita em torno do tema da infidelidade. Sim, ela mesma: traição! E me diga, caro leitor, se você já não perdeu algumas boas noites de sono por conta desta bendita palavra? Ou então, se já se viu inquieto por conta das outras palavrinhas derivadas da infidelidade? Que tal desconfiança? Conhece, caro leitor? Já sentiu na pele a dor aguda que é desconfiar da pessoa mais íntima da sua vida? Como dizem por aí: Quem nunca?

O filme a que me refiro chama-se Last Night, aqui traduzido por A Última Noite. Aliás, eu sou a favor de tradução literal dos títulos de filmes estrangeiros, salvo raríssimas exceções. Em resumo, o filme retrata pouco mais de 24 horas da vida de um casal, quando ambos se deparam com aquele momento crucial do “trair ou não trair”. Como uma boa ficção, na mesma noite e em cidades diferentes, tanto a mulher quanto o marido estão chegando naquela situação limite de dar um passo à frente e sucumbir à tentação, ou resistir e voltar à sua vida monogâmica no dia seguinte.


Não vou aqui contar o desenrolar da trama, mas vou contar o final. Sim, posso contar o final porque na verdade não existe um final! Todo o drama acontece durante a bendita noite de tentações, mas o que me prendeu depois do fato consumado (ou não consumado), foi saber o que o casal faria ao reencontrar-se pela manhã. E aí nada acontece, porque eles trocam algumas palavras, se olham desconfiados e o filme termina! Claro, não poderia ser de outro jeito... O filme concentra sua tensão no ato de sucumbir ou não à traição. O dia seguinte, literalmente, é outra história, literalmente também.

Mas aqui eu concentro a minha reflexão pós-filme: no dia seguinte. Seja lá o que for o conceito de trair, sempre haverá o dia seguinte. Falo isso porque para alguns, trair é o ato sexual consumado; para outros, o fato de querer estar com outra pessoa já é uma traição em si; ou mesmo um meio-termo, um beijo apaixonado, seria já o ato consumado para outros também. Independente do que cada um formule, o dia vai amanhecer e você terá que olhar seu amado nos olhos. E aqui eu concentro mais ainda: Confessar? Você confessaria uma traição? Ou guardar para si? Cair em si e guardar só para você o seu ato irresponsável?

Talvez a pergunta seja outra: O que você espera do dia seguinte de uma traição? Ser sincero com o outro e ser perdoado ou fazer sua auto-amnésia e esquecer dentro de si a noite passada? Aqui o caro leitor já percebeu que este texto está muito mais para um desabafo pessoal do que para uma crítica de filme. Talvez por isso eu tenha, no início deste texto, chamado o meu caro leitor para um questionamento próprio, justamente para me encorajar a refletir sobre as minhas próprias histórias.

Sim, já fui traída. Sim, já fui a outra. Não, nunca traí um namorado. Nunca tive que me deparar com o dia seguinte e olhar nos olhos de alguém com a dúvida sobre assumir ou não uma traição. Mas imagino que eu não contaria. Se eu o amasse de verdade, não contaria absolutamente nada! O erro seria meu, a injustiça teria sido minha, o proveito teria sido só meu. Porque raios então eu teria que compartilhar a traição, compartilhar a minha dor do dia seguinte com ele, à espera de um ato desesperado de perdão? Sim, porque alguém que perdoa uma traição só pode estar emocionalmente desesperado e não é justo colocar uma pessoa nesta situação, de perdoar ou não, sendo que ela ama e quer ficar junto da outra pessoa. Como é difícil encarar a traição assumida como o fim e resistir a um pedido de perdão... Digo que é quase impossível.

E por fim, o caro leitor já vislumbrou nas últimas palavras o meu ato confesso: a tentativa frustrada de perdoar uma traição. Como eu disse, foi quase impossível resistir ao pedido de perdão, vindo da pessoa que talvez tenha sido a única oportunidade que eu tive de amar e ser amada em mesmo tom e intensidade. Eu tinha que tentar perdoar. Mas no fundo eu sabia que não iria conseguir... Pena ter demorado tantos anos pra ter certeza. Ao final, só tive uma certeza: Ele não deveria ter me contado absolutamente nada!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Impressionismo e Van Gogh

A grande exposição do ano, sem dúvida, já é a mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade - Obras-Primas do Acervo do Museu d’Orsay, que acontece atualmente no CCBB-SP e em outubro já estará no CCBB-RJ. Hoje finalmente consegui visitá-la, ainda que enfrentando uma caprichosa fila na entrada. Nada comparado ao sábado último, quando me aventurei até o centro de São Paulo e pude constatar o que é uma fila de exposição blockbuster nos fins de semana! Os paulistanos (e os forasteiros e visitantes também, não?) estão de parabéns pela paciência e vontade para enfrentar uma enorme fila, neste pseudo-verão que se instalou momentaneamente em São Paulo, para então conferir os ditos impressionistas. E o CCBB também está de parabéns, por viabilizar uma mostra de tal magnitude a custo zero para o visitante! Daí justifica-se a fila, a mais justa e gratificante fila!

Pois bem, consegui entrar às 20h no CCBB e pude contemplar as obras por apenas duas horas. Não, apenas duas horas não são suficientes para observar texturas, nuances, gestos, cores e tudo mais das telas de Manet, Renoir, Pissaro, Monet, Degas, Cézanne, Gauguin e tantos outros, “mais impressionistas” ou “menos impressionistas”.  A exposição ocupa quatro andares do CCBB, que apesar de todos os esforços expográficos, é sempre um local difícil para se trabalhar uma exposição. Os núcleos estipulados pela curadoria começam em uma sala e terminam em outra sala, só que em outro andar! Os painéis gráficos de introdução de cada núcleo são obrigados a repetir-se pelo espaço expositivo,  fazendo a ligação do que ficou no andar anterior com o andar seguinte. Mas a arquitetura eclética e muito bem conservada do edifício do CCBB, que nos é apresentada ao sair de uma sala para então descer as escadas e entrar na próxima sala, compensa qualquer dificuldade em acompanhar o pensamento curatorial da mostra.

Deixando o papo crítico de lado, voltemos à contemplação das telas. Como eu disse, duas horas não foram suficientes para tanta curiosidade e admiração. Posso chutar que são umas 50 obras, nenhuma passível de ser “pulada”, daí o caro leitor já imagina o quanto de tempo deve reservar para este passeio pela Paris do fim do século XIX e início do século XX. E reserve também um arsenal de “desculpa!”, porque possivelmente você irá dizer esta palavrinha a cada 5 minutos, toda vez que esbarrar no visitante do seu lado. Sugiro também preparar o ouvido e a paciência, para escutar coisas do tipo “O Rio Sena é bem mais bonito ao vivo”, “Nossa, quando eu subi na Torre Eiffel, não imaginava que ela fosse construída para uma exposição ao ar livre!” ou ainda “Que castelo lindo!”, referindo-se à Catedral de Notre Dame (Sim, eu ouvi isso de uma visitante).

Mas eis que então, surge o guardinha do CCBB e nos lembra de que faltam apenas 7 minutos para encerrar a visitação, e eu, ainda na metade da última sala! Mesmo sabendo que eu iria voltar a ver estas obras na remontagem da mostra no CCBB-RJ, eu não teria a mínima condição de sair daquele lugar sem antes ver de perto a única tela ali exibida de Vincent Van Gogh. Não lembro se já comentei aqui nas entrelinhas do Entre Esquinas, mas Van Gogh é certamente meu pintor favorito! Como pintor e como alma angustiada, inquieta, inapreensível. Li a biografia dele há alguns meses e talvez ainda não tenha me recuperado do exercício terapêutico que foi estudar a fundo a alma deste cara (Sou carioca... Posso chamar o Van Gogh de ‘cara’!). E ali estava eu, bem nas telas de Gauguin, observando paulatinamente a tão famosa luz das telas dele, quando ouço o toque de recolher do guardinha. Minha mente se esquivou de Gauguin e eu girei em torno de mim mesma, fazendo uma tomada geral da sala, à procura daquele “filho único de mãe solteira” que o Museu D’Orsay disponibilizou para vir ao Brasil, dentre tantas outras obras de Van Gogh que o museu possui.  Achei. Ali, logo depois da seqüência do Gauguin.

O vidro (que protege a grande maioria das pinturas) deixa a tela um pouco nivelada demais, brilhosa, distante. Mas estava ali, um Van Gogh de Arles, de 1888 se não me engano, à época da estadia de Gauguin na famosa casa amarela. Com certeza não é um Van Gogh pleno, maduro, autônomo. Era uma obra de Van Gogh na sombra de Gauguin, daquele período tão conturbado da sua vida e mergulhado naquela amizade que talvez seja a mais intrigante de toda a história da arte. A legenda da tela resumia que Van Gogh copiou “escrupulosamente” a técnica de Gauguin... Escrupulosamente... Passei os últimos 5 minutos dentro daquela sala lamentando a injustiça, a covardia, a superficialidade com que Van Gogh foi tratado nesta exposição.  Ok, sou fã do cara, talvez eu esteja exagerando, mas confesso que saí profundamente decepcionada. Eu já sabia que só teria uma única tela de Van Gogh, mas não sabia que ele seria tratado como um desdobramento “escrupuloso” de Gauguin. Para não lamentar muito, vou entender que Van Gogh seja um desdobramento do Impressionismo, que ali se inspirou, mas que ali não ficou. E penso que seja isso mesmo: Van Gogh não teve a devida participação nesta mostra porque é um capítulo à parte do Impressionismo, ou como chamam um “pós-impressionista”. Criou sua própria estética, sua técnica, sua paleta de cores, seu caminho... Seu caminho entre corvos. Não sei quais motivos regeram a escolha da curadoria do Museu D’Orsay de incluir apenas um Van Gogh, mas talvez a peculiaridade tão densa do pintor holandês não coubesse na pluralidade desta mostra coletiva. Vou entender desta forma.

Mas ainda assim, na solitária tela 'La salle de danse à Arles', estavam o azul e o amarelo da sua paleta, suas cores que exprimiam a alegria e a vivacidade. E com umas pinceladas com o vermelho e o verde, mais ao fundo, suas cores ligadas à tristeza e à morte. Em termos de cores, um Van Gogh completo! Por fim, escuto de um visitante: “Morreu com apenas 47 anos!” e não hesitei em corrigi-lo imediatamente: “30 e 7 anos! Apenas 37 anos”.

La salle de danse à Arles, Vincent Van Gogh.

domingo, 5 de agosto de 2012

A arte de "googlear"

Há um bom tempo, um amigo fez um protesto no Facebook, onde questionava o porquê de quase ninguém mais dos seus amigos frequentar a sua casa, o porquê de ninguém mais se reunir no boteco da esquina para trocar ideia descompromissada e por aí vai, tudo substituído pelo contato apenas virtual da amizade. De todas as reclamações da revolta “internética” do meu amigo, o que mais me chamou atenção, foi quando ele finalizou: “E ninguém mais tira dúvida com ninguém! Ninguém mais me pergunta nada! O Google substituiu tudo isso.” Grande sacada do amigo! Eu nunca havia parado pra pensar nisso, mas é uma grande verdade da nossa atualidade. E espelhei esta afirmação diretamente em mim, pois é justamente o que mais faço quando surge uma dúvida de ortografia ao escrever, uma dúvida sobre algum personagem qualquer (Viva o Wikipédia também!) ou mesmo para saber quais são os títulos do meu clube de futebol ao longo da sua história... Afinal, são muitos os títulos do Flamengo e só o Google para me esclarecer!

Brincadeiras à parte, esta constatação me faz pensar como nos tornarmos autossuficientes nestes termos (O revisor do Word me corrigiu! Eu escrevi ‘auto-suficientes’... E agora? Não, não vou ‘googlear’ para saber qual é a versão correta!) e também me faz lembrar de como nos obrigamos a sermos cada vez mais detentores da informação, da mais útil à informação mais insignificante. Sabemos um pouco de tudo e quase nada de algo específico. Formamos hoje uma sociedade do pitaco! Todos tem sua opiniãozinha sobre qualquer assunto da mesa de bar, da sala de aula, da hora do almoço do expediente... E como tudo hoje em dia, ai de quem não compartilhar a enorme contribuição da sua opiniãozinha. E daí vem outro e rebate com sua outra opiniãozinha controversa, que instiga um círculo vicioso de “achismos” e de “mas eu li isso na internet”. Haja paciência e cerveja gelada para me segurar nesta mesa de bar!

E quando nos deparamos com a falha grave de não termos “googleado” aquele assunto do momento e nos vemos em plena mesa de bar, perante nossos amigos e sem saber uma vírgula para dar o nosso precioso pitaco, aí eu lembro o meu amigo facebookiano e digo que ninguém mais tem coragem suficiente (como se precisasse de coragem!) pra assumir sua ignorância momentânea. Seria a hora de pedir licença e dar aquela “googleada” básica no banheiro pelo smartphone? Não duvido.

Na verdade me lembrei desse post e cá estou esticando o assunto, porque uma grande dúvida paira sobre o meu ser nestes últimos dias e, por incrível que pareça, não joguei a dúvida no Google! Pois vos digo: Estamos em meio às Olimpíadas de Londres, assistindo o que dá pra assistir na telinha e torcendo (Pero no mucho!) para quem veste a camisa canarinho da sua modalidade. Só que sempre que o vídeo corta para a imagem do logotipo das Olimpíadas de Londres 2012, eu me pergunto: O que é isso? Em que este logotipo se associa à Londres? Isto mais parece um ideograma japonês, chinês ou coisa do tipo!

E aqui estou eu, caro leitor, assistindo às disputas interessantíssimas de esgrima e pólo aquático, mas infelizmente não tenho abstração intelectual suficiente para entender este logotipo londrino. Tenho certeza que o Google sabe... Ah, sabe! Mas vou na onda do meu amigo revoltado e vou deixar a dúvida no ar. Não estamos numa mesa de bar, mas quem quiser me esclarecer, fique à vontade!

Eis a questão!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vaga, não vazia.

Eu não sou fumante, mas fumo.  Cigarro é sempre companhia pra alguma coisa, principalmente para um copo de cerveja, mas essencialmente para uma porção de solidão. Eu digo que fumo porque não tenho celular (Não tenho mesmo, viu! Nem adianta pedir meu número!), fumo porque preciso ter alguma coisa nas mãos quando estou sozinha no ponto de ônibus, fumo porque preciso de desculpa pra ir pra fora do bar no intervalo do jogo do Flamengo, fumo porque tenho braços longuíssimos e não fico bem sem nada nas mãos. Vejo todos com os seus celulares touch, olhando pra baixo, ensimesmado em si mesmo, mas eu olho por cima e olho pra todos, com o cigarro entre os dedos. Na maioria das vezes, o cigarro queima por si só, solitário como eu.

E aqui, na madrugada, que não é um intervalo de tempo e sim um lugar, eu fumo meu cigarrinho na varanda, sozinha dos outros e cheia de mim. Na companhia do cigarro, além de mim, tem sempre uma coisinha. Ou ao contraio. Já falei isso. Às vezes, além de mim (De novo!), tem um copo de coca-cola, pra não me deixar sentir o gosto ruim do cigarro. Fumar com coca-cola me faz lembrar da adolescência. Ninguém aguenta o gosto do cigarro com 15 anos, e nem o gosto da cerveja, ainda. Eu tinha uma amiga que ia até a minha casa, roubava um cigarro da minha mãe, e voltava pra casa dela pra fumar aquele Palace longo, filtro branco. Eca! Eu só ficava ali perto, vendo o quanto que ela era descolada, moderna, corajosa. Eu sempre fui mais chegada à galera dark, hard core, mas sempre fui careta. Eu sentava no fundo da sala de aula, não enxergava o que estava escrito no quadro negro, copiava de quem conseguia enxergar, mas sempre fui a melhor aluna da sala no 2º grau. Sem estudar em casa, só ali na sala de aula.

Voltando à minha amiga descolada, naquela mesma época, eu namorei um rapaz que era ex boy dela. Sim, ele andava rodeando ela e acabou com a amiga caretinha. Durou 1 ano! My first boy! Formamos um belo triângulo amoroso: Terminamos nosso namoro caretinha, ele voltou para ela, que havia terminado um noivado (Não disse que ela era moderna!) por causa do meu ex boy e por aí vai. Não posso contar mais detalhes comprometedores. Mas daí, eis que os dois pombinhos estão casados atualmente. Casadíssimos mesmo! 

Mas porque o caro leitor teria interesse nas minhas fofocas de adolescência? Por motivo nenhum! Só lembrei da colega de 2º grau enquanto fumava há pouco, sentindo essa brisa fria e boa de São Paulo. Lembrei que eu poderia estar no lugar dela, ela no meu, eu com família, ela solitária. Eu com o ex, ela sendo ex do marido... Que louco! O que seria a vida sem o desvio das nossas escolhas e das nossas negações? O que seria? Pequenos detalhes, decisões pontuais e nem sempre muito bem articuladas. Tomar decisão, taí uma coisa para a qual eu não levo jeito! E nem falo do ex boy, viu! Depois que o namoro terminou, nos idos de 1900 e bolinha, eu lembro de ter desviado minhas preocupações e angústias para o então enigmático vestibular. Fui encarar a fera. Escolhi o caminho e atirei. Mas como eu falei, meu caro leitor, não sou boa para decisões. Eu decido e fecho os olhos, sigo confiando no faro, porque se eu olhar para os lados, a dúvida reina e a decisão vai pelo ralo...  

Mas a dúvida está sempre ali, bem do lado, bem próxima da certeza. E não estou falando do ex boy, novamente! Estou falando de... Ah, deixa pra outro post! Estou muito vaga hoje... Vaga, mas não vazia.

Foto vaga para um post vago? Pôr-do-sol e o Complexo do Alemão. Vagamente me lembram alguma coisa...