quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vaga, não vazia.

Eu não sou fumante, mas fumo.  Cigarro é sempre companhia pra alguma coisa, principalmente para um copo de cerveja, mas essencialmente para uma porção de solidão. Eu digo que fumo porque não tenho celular (Não tenho mesmo, viu! Nem adianta pedir meu número!), fumo porque preciso ter alguma coisa nas mãos quando estou sozinha no ponto de ônibus, fumo porque preciso de desculpa pra ir pra fora do bar no intervalo do jogo do Flamengo, fumo porque tenho braços longuíssimos e não fico bem sem nada nas mãos. Vejo todos com os seus celulares touch, olhando pra baixo, ensimesmado em si mesmo, mas eu olho por cima e olho pra todos, com o cigarro entre os dedos. Na maioria das vezes, o cigarro queima por si só, solitário como eu.

E aqui, na madrugada, que não é um intervalo de tempo e sim um lugar, eu fumo meu cigarrinho na varanda, sozinha dos outros e cheia de mim. Na companhia do cigarro, além de mim, tem sempre uma coisinha. Ou ao contraio. Já falei isso. Às vezes, além de mim (De novo!), tem um copo de coca-cola, pra não me deixar sentir o gosto ruim do cigarro. Fumar com coca-cola me faz lembrar da adolescência. Ninguém aguenta o gosto do cigarro com 15 anos, e nem o gosto da cerveja, ainda. Eu tinha uma amiga que ia até a minha casa, roubava um cigarro da minha mãe, e voltava pra casa dela pra fumar aquele Palace longo, filtro branco. Eca! Eu só ficava ali perto, vendo o quanto que ela era descolada, moderna, corajosa. Eu sempre fui mais chegada à galera dark, hard core, mas sempre fui careta. Eu sentava no fundo da sala de aula, não enxergava o que estava escrito no quadro negro, copiava de quem conseguia enxergar, mas sempre fui a melhor aluna da sala no 2º grau. Sem estudar em casa, só ali na sala de aula.

Voltando à minha amiga descolada, naquela mesma época, eu namorei um rapaz que era ex boy dela. Sim, ele andava rodeando ela e acabou com a amiga caretinha. Durou 1 ano! My first boy! Formamos um belo triângulo amoroso: Terminamos nosso namoro caretinha, ele voltou para ela, que havia terminado um noivado (Não disse que ela era moderna!) por causa do meu ex boy e por aí vai. Não posso contar mais detalhes comprometedores. Mas daí, eis que os dois pombinhos estão casados atualmente. Casadíssimos mesmo! 

Mas porque o caro leitor teria interesse nas minhas fofocas de adolescência? Por motivo nenhum! Só lembrei da colega de 2º grau enquanto fumava há pouco, sentindo essa brisa fria e boa de São Paulo. Lembrei que eu poderia estar no lugar dela, ela no meu, eu com família, ela solitária. Eu com o ex, ela sendo ex do marido... Que louco! O que seria a vida sem o desvio das nossas escolhas e das nossas negações? O que seria? Pequenos detalhes, decisões pontuais e nem sempre muito bem articuladas. Tomar decisão, taí uma coisa para a qual eu não levo jeito! E nem falo do ex boy, viu! Depois que o namoro terminou, nos idos de 1900 e bolinha, eu lembro de ter desviado minhas preocupações e angústias para o então enigmático vestibular. Fui encarar a fera. Escolhi o caminho e atirei. Mas como eu falei, meu caro leitor, não sou boa para decisões. Eu decido e fecho os olhos, sigo confiando no faro, porque se eu olhar para os lados, a dúvida reina e a decisão vai pelo ralo...  

Mas a dúvida está sempre ali, bem do lado, bem próxima da certeza. E não estou falando do ex boy, novamente! Estou falando de... Ah, deixa pra outro post! Estou muito vaga hoje... Vaga, mas não vazia.

Foto vaga para um post vago? Pôr-do-sol e o Complexo do Alemão. Vagamente me lembram alguma coisa...

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