segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vamos falar do tempo

Alguém em São Paulo reparou no dia lindo que foi este domingo de hoje? Pergunta retórica. Claro que todos os paulistanos e os que por aqui estiveram neste domingo perceberam o brilho especial que banhou a cidade hoje. Céu limpo, com um azul resplandecente, sol moderado, mas forte o suficiente para que alguns paulistanos reclamassem do calor, aposto! À noite, o friozinho volta, o termômetro desce da casa dos 20°, a lua limpa e prateada volta para o seu lugar e, com inveja do sol radiante de domingo, ilumina a madrugada agora.

Pois São Paulo bateu palmas para o domingo de hoje porque quase nunca é assim. O sol, quando aparece, está sempre tímido, secundário. Quando ele, o sol, resolve ser protagonista, machuca o paulistano, que tanto reclama, xinga, faz pouco caso da aparição possante do astro-rei, que, intimidado, sai, bate a porta e some por vários dias. Depois de enjoar dos dias acinzentados como o concreto dos edifícios, a cidade clama pelo perdão e chama de volta os raios fulgentes do sol.

Não sei se amanhã o dia lindo vai se repetir. Como vem uma segunda-feira de dezembro por aí, acredito que a grande maioria dos paulistanos que vivenciaram a beleza do dia de hoje, não está na torcida para que o sol reapareça. Logo os paulistanos estarão com suas roupas pretas ou semi-pretas, com seus sapatos fechados e nenhum dedinho de fora, a caminho do trabalho para mais uma das últimas semanas de 2011. Ninguém quer sol, ninguém quer calor. Até preferem que chova. Sim, pode chover o dia inteiro ou de surpresa, para isso o guarda-chuva é o primeiro item a ser guardado na bolsa. Tudo menos um calor infernal de 30°!

Pois aqui, o caro leitor me rebate e imagina que na seqüência vou escrever que no Rio é diferente, que seria ótimo se este domingo de hoje se repetisse 365 dias no ano etc etc. Pois aqui o caro leitor também se engana. É claro que adorei ver os raios de sol dançando na parede enquanto a tarde caia e os passarinhos cantando como que agradecendo pelo dia de hoje. Mas alguma coisa me incomoda nessa paisagem primaveril. E para paisagem, leia-se cidade + natureza (se há pouca “natureza” em São Paulo, olha pra cima e restrinja-se ao céu!).

São Paulo não combina com este clima de hoje. São Paulo não fica à vontade com este calor de hoje. A mistura do cinza do concreto e do semi-preto das roupas paulistanas com o azul do céu de hoje, mais o verde reluzente das poucas árvores que nos cercam, dá um resultado... Digamos, cinza sujo! A cidade fica desconfortável com pouca roupa, teima em cobrir-se. Prefere suar, procurar uma sombra a cada esquina a mostrar sua pele branca e os dedos dos pés.

E eu? Eu já sofri minha simbiose paulistana. Não consegui resistir, foi mais forte que minha carioquice suburbana. Claro, sou um camaleão e me adapto ao meio, mas o domingo de sol de hoje não foi suficiente para trazer de volta o prazer de sorrir somente por olhar o céu e a paisagem. Já que estou aqui, prefiro ver a cidade na cor costumeira: cinza puro! Sem azuis e sem dourados para sujar. Gosto da São Paulo chuvosa, cabisbaixa, muito agasalhada, que pisa forte com suas botas. Acho mais elegante, mais confortável, mais condizente. 

Sei que hoje foi um anúncio do verão suave que vem para incomodar São Paulo. Sei que só irá durar três ou, no máximo, quatro meses. Claro que com algumas fugidas repentinas do sol teimoso, que bate a porta mas depois volta. Sei que é momentâneo. Talvez esses meus achismos também só sejam momentâneos. Talvez em 2012 eu volte a gostar de ver dias de sol em São Paulo. Talvez em 2012 eu queira ver a cidade menos cinza. Talvez em 2012 eu esteja menos cinza. Talvez...

Praça do Relógio - USP

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Fazendo as pazes

Vou pedir uma licença poética para os meus caros leitores (se é que, de fato, tenho leitores e se é que, de fato, já tenho direito à licença poética!) e vou retomar o assunto do dia: Futebol. Ultimamente não tenho me permitido escrever por aqui, não tenho tido a tranqüilidade suficiente para refletir um pouco sobre as trivialidades do dia-a-dia e colocá-las no papel, aliás, na tela do notebook. Mas daí vem o bom e velho futebol para te permitir tal façanha, pois este sim tem passagem vip pelos pensamentos estressantes do cotidiano e se dá o luxo de tomar um dia inteiro pra si, como aconteceu comigo neste domingo. Portanto, terminarei o dia de hoje escrevendo sobre futebol.

Tenho aqui em mãos, uma crônica do Paulo Mendes Campos, intitulada “Salvo pelo Flamengo”, que fiz questão de passar os olhos agora, novamente, para relembrá-la e citá-la aqui. Coincidentemente, ele começa seus escritos citando o Flamengo e logo dizendo que não torce pelo time da Gávea. A crônica se desenrola e, só ao fim, Paulo Mendes Campos dá a entender que torce pelo Botafogo e fecha a sua história. Citei esta crônica porque hoje, propositadamente, vou escrever sobre o Corinthians, que hoje ganhou seu penta-campeonato brasileiro. Não, caro leitor, não vou escrever sobre o Flamengo, mas assim como fez Paulo Mendes Campos, vou retomá-lo no final.

É sabido no meio futebolístico que alguns times “colam” com outros de outras regiões. Desculpem-me, na verdade quem “cola” são as torcidas e não o time (ou o clube) em si. Por exemplo, as torcidas do Palmeiras são “co-irmãs” de torcidas do Vasco (quem acompanhou os jogos de hoje, percebeu claramente isso), e assim as “co-irmãs” se estendem pelo Brasil afora. No caso do Flamengo, enquanto eu morava no Rio, sempre tive a impressão que as torcidas rubro-negras “colavam” com as torcidas do Corinthians. E trouxe esta idéia comigo desde que vim para São Paulo, há quase cinco anos. Não sou a carioca mais informada sobre futebol, mas imagino que por serem dois times, Corinthians e Flamengo, de grande amplitude nacional e também com vasta abrangência de torcedores nas classes sociais mais baixas, estes times sempre tiveram características próximas, o que talvez também tenha favorecido uma aproximação entre as torcidas. Corrijam-me, caso eu esteja errada!

Como disse, não sou a mais informada dos bastidores do futebol, mas tenho certeza que um fato estremeceu a relação entre estes dois times: A ida do Ronaldo para o Corinthians. Sim, faço parte da nação rubro-negra que se sentiu traída pelo Fenômeno, que esteve próximo de jogar no Flamengo, mas preferiu o time do Parque São Jorge ao time da Gávea. E daí em diante, juntei-me à indignada massa flamenguista e também fiz coro (só que mais próximo) de “ódio” ao Corinthians e ao Ronaldo. No campeonato brasileiro de 2010, fui ao duelo entre os dois times no Pacaembu e, infelizmente, o Ronaldo não jogou, mas ainda assim perdemos de 1 x 0. Uma impressão eu trouxe daquele domingo de 2010: como a torcida do Corinthians faz uma festa bonita no Pacaembu! De fato, é a casa deles. O Palmeiras que me desculpe, mas também fui ao Pacaembu para ver Palmeiras x Flamengo e não há comparação. Parafraseando o outro Ronaldo, o Gaúcho, Corinthians é Corinthians, pelo menos no que diz respeito à festa da torcida.

Hoje, domingo, ao fim de toda a cobertura do título corintiano, eu assisti a um filme sobre a história do Corinthians, feito em 2010, por ocasião do centenário do clube, intitulado “Todo Poderoso: O filme – 100 anos de Timão”. Não pense que para uma rubro-negra convicta é fácil assistir a quase duas horas sobre a história de um time rival, ainda mais depois de assistir ao jogo que deu ao Corinthians o título do campeonato. Pois então, caro leitor, foi fácil sim. Foi tão fácil que estou aqui me excedendo na conversa e ainda escrevendo sobre Corinthians e tudo mais.

Ocorre que o filme, antes de tudo, é um filme histórico, no sentido de que faz um leve paralelo entre a história do Brasil e de São Paulo com a criação e o desenvolvimento do clube. E nisso eu acabo por me interessar bastante, pois estou trabalhando no projeto do Museu do Flamengo e este é um paralelo que também fazemos para contar a história do time da Gávea, só que relacionando com a história do Rio de Janeiro. Ocorre também que hoje faleceu o grande Sócrates, que por pouco não vi jogar, mas sempre acompanhei suas incursões nas mesas redondas sobre futebol na TV. Sempre soube da sua fama e do seu talento diferenciado, mas hoje com o filme, pude entender mais sobre a tal “democracia corintiana” e ver como o Doutor fez a diferença dentro e fora das quatro linhas.

Mais sensibilizada do que de costume, me peguei hoje tendo mais simpatia pelo Corinthians. Mesmo sabendo que a recíproca não é verdadeira, mesmo sabendo que o mundo é dividido em flamenguistas e anti-flamenguistas, mesmo assim, hoje percebo a real semelhança entre os dois times, ou melhor, entre as duas torcidas, entre as duas camisas!

Talvez seja só uma emoção efêmera, talvez amanhã eu continue fazendo cara feia para os corintianos que vão orgulhosamente vestir São Paulo de preto e branco, talvez eu nunca perdoe o Ronaldo, talvez eu nunca goste desta Seleção Brasileira que é um time corintiano com jogadores que jogam fora do Brasil, talvez amanhã eu já não me sinta uma co-irmã de um corintiano... Mas só por hoje, como escreveu Paulo Mendes Campos, o Flamengo que me perdoe, mas tenho que concluir: Parabéns Corinthians, pelo título, pela sua torcida, pelos jogadores que passaram pelo Parque São Jorge, pela sua história!

E para ilustrar, como de costume, aqui não vou homenagear o Corinthians, mas o seu Doutor, que dentre outros clubes, sim, jogou em um verdadeiro Timão!

(imagem extraída da internet)


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E a vida responde...

 - Seu José, mestre carpina,
e que diferença faz
que esse oceano vazio
cresça ou não seus cabedais,
se nenhuma ponte mesmo
é de vencê-lo capaz?
Seu José, mestre carpina,
que lhe pergunte permita:
há muito no lamaçal
apodrece a vida?
e a vida que tem vivido
foi sempre comprada à vista?

- Severino, retirante,
sou de Nazaré da Mata,
mas tanto lá como aqui
jamais me fiaram nada:
a vida de cada dia
cada dia hei de comprá-la.

- Seu José, mestre carpina,
e que interesse, me diga,
há nessa vida a retalho
que é cada dia adquirida?
espera poder um dia
comprá-la em grandes partidas?

- Severino, retirante,
não sei bem o que lhe diga:
não é que espere comprar
em grosso de tais partidas.
mas o que compro a retalho
é, de qualquer forma, vida.

- Seu José, mestre carpina,
que diferença faria
se em vez de continuar
tomasse a melhor saída:
a de saltar, numa noite,
fora da ponte e da vida?

(...)

- Severino, retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
Vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como há de pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina. 

(MORTE E VIDA SEVERINA, João Cabral de Melo Neto, 1954/55) 

 

(teleteatro Rede Globo, direção Walter Avancini, música Chico Buarque, 1981)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Da série “Nordestices”: Recifando!

Uma vez um colega blogueiro me disse: “Você anda pela calçada e de repente chuta uma pedra. Está ali uma crônica!” É a mais pura verdade. Quem gosta de escrever crônica (ou pseudo-crônicas, como eu denomino os meus modestos escritos) sente o exato momento em que aquele fato cotidiano, ordinário, trivial pede uma reflexão no papel. Aliás, meu pai escrevia as crônicas da “Esquina Carioca” no papel! Infelizmente não posso me dar este luxo com o meu “Entre Esquinas”. Pois eis que tenho uma “pedra chutada” há mais de três meses e preciso, pelo menos, começar a registrar aqui, por que sei que esse tema ainda vai dar muito pano pra manga.

Em junho deste ano fiz minha primeira viagem não-turística ao Nordeste: Fui a Recife, a trabalho. Foram programados 15 dias de montagem de uma exposição sobre Michelangelo no Instituto Ricardo Brennand, a qual eu coordenaria. Obviamente saí de São Paulo imaginando fins de semanas livres para ir a Olinda, Porto de Galinhas, Caruaru e por aí vai. Mas foram de fato 15 dias corridos de trabalho. Trabalhei até uma hora antes de a exposição ser inaugurada e ainda tive que voltar no espaço no dia seguinte, já com malas prontas para ir embora de Recife, para finalizar os detalhes que ficaram pra trás. E aqui o caro leitor se comove com esta menina trabalhadora e pensa: Coitadinha! E eu respondo, como nossos queridos paulistanos: Imagina!

Nestes 15 dias em Recife eu descobri como olhar pra uma cidade sem aquele olhar vislumbrado de turista. De início, não levei nenhuma câmera fotográfica. Sim, nenhum registro sequer da cidade. Também não fiz aquela costumeira busca no Google sobre os lugares imperdíveis para visitar. Tampouco perguntei a quem já tinha ido à capital pernambucana o que eu devia fazer nas horas vagas de trabalho. Em termos, posso dizer que fui de mala vazia!

Sem saber, eu já tinha uma bagagem inerente: sou filha de nordestina. Passei toda minha vida cercada de migrantes do Norte, como eles se auto-intitulam. Aprendi a gostar de pimenta, farinha, comida com caldo, feijão de tudo quanto é jeito e tudo mais que lembre o Nordeste ao caro leitor. Aprendi a ter a generosidade desse povo. Aprendi a ser “virona”, a driblar a época de vacas magras e esperar a chuva cair. Não seria nenhuma novidade me sentir em família em meio ao povo recifense, que eu nunca tinha tido contato. Mas essa ficha foi caindo aos poucos, em cada viagem de “prosa” com o taxista, no dia a dia de trabalho com a “turma” da montagem, na conversa despreocupada com algum desconhecido, no pedido do almoço com o garçom do restaurante... Ou enquanto andei sozinha pelas ruas sem ter que tirar foto cartão-postal, ou reparava na conversa alheia no ônibus... De repente eu não só estava ali naquele lugar, mas já me sentia daquele lugar.

Talvez o fato de já estar em São Paulo há quase cinco anos faça me sentir melhor em meio ao povo nordestino, mais caloroso que o paulistano, assim digamos. Talvez seja só isso. Mas acredito de verdade que não. Teve algo mais. Senti como algo me puxasse pra ficar naquele lugar, a continuar escutando o “entedesse” e o “visse” daquele sotaque cantado. Mas a montagem terminou e eu voltei pra esta nossa gélida cidade da garoa. Pois eu não precisei ficar no Nordeste para que a ficha terminasse a cair: Eu sou do Nordeste! Ok, sou um camaleão, me adapto a tudo e a todos, mas sinto uma identificação muita mais íntima quando estou perto daquele povo. Posso dizer que é uma identificação ligada ao meu passado, a um passado que eu não vivi, mas que mesmo assim me pertence. Como eu falei acima, uma bagagem inerente, uma raiz que brotou por lá há muito tempo e que deu frutos em mim.

É justamente o contrário do que eu sinto em relação ao que busco aqui em São Paulo. Aqui é uma identificação ligada ao futuro, ao que eu quero descobrir e que ninguém me apresentou ou plantou em mim. Como disse o Renato Russo: “Essa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi”. Mas isso é pano para outra manga.

E como eu também disse no início dessa crônica-desabafo (está aqui uma nova categoria!), só quis aqui registrar este tema, por que certamente ele vai voltar nestas páginas. As idéias de “viagens sociológicas” pelo Nordeste já fervilham na minha mente. Inclusive já pude voltar em Recife em setembro, para a desmontagem da mesma exposição, agora com mais folga e menos preocupada. Sim, fui à Olinda e de fato é uma visita indispensável! Cabe sobre esta cidade outro texto. Posso até criar neste blog uma categoria “Nordestices”. Vejamos o que vem por aí.

Para finalizar, tive a sorte de chegar em Recife em pleno feriadão de São João. E claro que fui conferir uma festa: Quinteto Violado no centro velho de Recife, cantando o legítimo forró pé de serra! E como bem diz minha mãe: Viva Gonzagão!


(P.S: Este vídeo não foi do show que assisti. Como disse anteriormente, não fiz nenhum registro da viagem!)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Minhas madrugadas com o passarinho

Nada como uma madrugada em claro para aproveitar e atualizar meu blogzin! Nada de discussões profundas por hoje, afinal já são 5h30 da manhã e preciso sair de casa às 7h. Nem textos dramático-melancólicos, pois a madrugada já deu conta do recado. A pedida de hoje é simplicidade e trivialidade.

A primavera está por vir e o frio de São Paulo já começa a ficar gostoso. Pra ser sincera, depois de quase cinco anos, eu já posso dizer que aprendi a gostar do frio paulistano, já sei aproveitá-lo de forma interessante e já não acordo todo santo dia reclamando da friaca ao sair de casa. Nesta madrugada de hoje, eu permaneci acordada, entre ver um programa na TV e fuçar curiosidades fúteis na internet, mas com a porta da sacada entreaberta. A “brisa” paulistana entra na sala e parece trazer um pouco da cidade que está lá fora. Traz o frio, traz os cheiros, os sons...

Aqui na várzea uspiana, como costumo chamar os arredores do campus da USP, a cidade não tem som nem cheiro de metrópole. Sempre quando salto do ônibus na volta do trabalho, sinto um cheiro de mato úmido e frio, que me faz lembrar as noites do meu 2º grau em Chiador-MG. E quando a primavera começa a dar sinal, a brisa das madrugadas traz o som de uns pássaros que circulam aqui pelas poucas árvores que enfeitam meu condomínio. Não entendo de pássaro nem do som que eles emitem, mas é interessante escutá-los.

Há um ano eu estava saindo com um paulista que volta e meia aparecia aqui na minha porta no meio da madrugada. Com ele o jogo era aberto, não havia nenhuma perspectiva de relacionamento, digamos, profundo e, portanto, eu não esquentava a cabeça se ele batia na minha porta às 3h da manhã. E sempre quando ele chegava por aqui neste horário, havia um bendito passarinho que começa a cantar. Uma vez ele, o rapaz da madrugada, chegou a avistar o passarinho numa árvore do condomínio. Só ele viu, apontou, mas eu, sem óculos ou lentes, só escutava a cantoria.

Um ano passou, o rapaz vai muito bem, obrigada, só que com outra garota, e eu sigo em frente nas minhas madrugadas, solitárias ou não. Mas a cantoria continua. Hoje eu saquei o primeiro canto da madrugada, exatamente às 2h57! Pontualidade britânica do danado do passarinho! Ele canta sozinho, um canto repetitivo, alto, quase estridente. E assim ele segue, solitário, cortando o silêncio da madrugada. Logo a manhã se aproxima e os outros passarinhos vêm para se juntar a ele. E em seguida, o barulho dos carros começa a perturbar a cantoria dos pássaros. O som dos ônibus freando e depois acelerando no ponto, os caminhões pesados e suas cargas quicando no asfalto, os automóveis impacientes e suas buzinas... Pronto, hora de largar a madrugada e se apegar no dia que começa.

Antes desta manhã começar, eu saí à sacada do meu apartamento para sentir um pouco mais do frio e do som do pássaro e ali fiquei por um bom tempo. Dois gatos circulavam à vontade pelo estacionamento. Lembrei da figura do meu pai, nas manhãs cariocas de folga do trabalho, em que ele se debruçava na janela depois do café da manhã e jogava pedacinhos de miolo de pão para as (extintas) rolinhas no quintal. Elas compareciam em bom número, o banquete durava por volta de meia hora. Meu pai assobiava e as rolinhas apareciam. Nosso falecido cachorro, Marronzinho, espreitava de longe e ameaçava pegar um ou outro pedaço maior de miolo de pão que caía no quintal.

Hoje não tenho mais quintal. Tenho estacionamento. Os passarinhos não freqüentam mais este “térreo”, vivem todos em outro andar, o qual minha visão debilitada não alcança. Eu falava no início do post de coisas simples e triviais, porém não menos especiais. Quer cena mais simples, especial e bonita do que um quintal rodeado de árvores frutíferas, numa manhã ensolarada, um cachorro preguiçoso te espreitando e rolinhas gulosas atrás de miolo de pão jogado da janela?

Não consegue imaginar esta cena? Então, caro leitor, aproveito para recomendar-lhe um filmezinho francês “La tête en friche”, que aqui traduziram para “Minhas Tardes com Margueritte”, com o sempre divertido Gérard Depardieu. Pelo cartaz do filme você já pode fazer uma analogia com o que descrevi acima: uma velhinha, pombos gulosos, sol de meio de tarde, o verde do parque...



Amanheceu. Amanheçamos então!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Acima de tudo, rubro-negro!

Com uma semana de atraso, venho aqui para registrar a emoção do tão comentado jogo entre o meu Flamengo e o Santos. Não pretendo descrever a partida, nem comentar a atuação brilhante do Ronaldinho Gaúcho e companhia, e muito menos falar mal do Neymar “cai-cai”. Isto tantos outros já fizeram pela mídia, com certeza com muito mais primor do que eu o faria. Assumo inclusive que tenho um déficit de inteligência para analisar um jogo de futebol taticamente. Vejo pelo lado da paixão: xingo até a 5ª geração dos jogadores, dou canelada na mesa do bar, fico apontando pra onde o desgraçado do meia deve abrir aquela bola e por aí vai. E isso é em qualquer jogo que vejo, seja do Mengão ou torcendo contra os “vices” ou contra a “galinhada”. Para a Seleção Brasileira eu já sou mais calma. Depois do trauma daquela decisão de 98, não consigo mais me emocionar ao ver a amarelinha em campo.

Assisti ao jogo contra o Santos em um bar conhecido pela torcida rubro-negra aqui em São Paulo, em meio ao sotaque carioca de gente como eu, perdida na cidade cinza. Todos a caráter com seu manto sagrado, cerveja gelada no copo e... Bola rolando! E o andamento da partida vocês já sabem: 3 x 0 pro time da Vila Belmiro aos 30 minutos do 1º tempo. Não consigo lembrar o que passou pela minha cabeça naqueles instantes. Mas de uma coisa eu lembro: de estar aliviada por não ter ido à Vila, pois quase fui, desisti à tardinha, inclusive estava já de mala e cuia pra descer pra Baixada. Mas não demorou para eu pensar o contrário: Por que eu não desci pra Vila? Na seqüência, um lance atrás do outro, uma emoção após outra, seqüência de três gols do Mengão, sem tempo para se quer pedir outra gelada pro garçom.

Intervalo, jogo empatado, já com aquele pênalti bizarro do Elano e com as embaixadinhas do nosso arqueiro Felipe. Tempo de ir até a calçada, discutir um pouco com a cariocada sobre os lances da partida, pedir outra cerveja e então assistir aos demais 45 minutos. Logo o balde de água fria, gol do Santos. Mas daí constato: como o time do Flamengo é raçudo quando está com o placar desfavorável, não? Talvez não, verdade. Talvez tenha sido particularmente neste jogo, neste embate entre o professor do futebol-malabarismo e o seu mais novo pupilo. Talvez tenha sido a áurea especial desta partida, que não saberemos o porquê, mas empurrou os dois times para o espetáculo que foi este jogo. A virada no placar pelo time mais querido do mundo foi onírica, impensável naqueles instantes em que eu sequer lamentava de não ter ido à Vila. Se eu pudesse descrever uma partida ideal do Mengão, não chegaria perto do que foi este duelo de quarta-feira passada. 

Se o caro leitor tiver a honra de, assim como eu, torcer pro time mais passional do universo, vai entender o que foi o pós-jogo. Saí do bar feito um tiro para pegar o metrô, com um sorriso indisfarçável (claro com o manto sagrado já na bolsa para evitar hostilidades vindas daqueles que não torcem pro time certo), com o coração a mil, os lances do jogo indo e voltando à mente, com o canto da torcida na ponta da língua: "Oh meu Mengão, eu gosto de você... Quero cantar pro mundo inteiro, a alegria de ser rubro-negro... Cante comigo MENGÃO: acima de tudo rubro-negro!". E quem conseguiu dormir bem depois de todo este delírio? Acordei por duas vezes na madrugada, sonhando que o Santos tinha virado pra cima do Flamengo! E o dia seguinte, é aquilo: trabalhar com o manto sagrado, ver os lances da partida zilhões de vezes, ler e ouvir tudo que se fala sobre o jogo (e constatar que a mídia de uma forma geral adora idolatrias e histórias extraordinárias).

O que mais passou na minha cabecinha durante toda essa semana pós-jogaço, foi pensar como é bom gostar de futebol! Como é bom ter paixão por um time e vê-lo entrar em campo e brilhar! Como é boa a apreensão da derrota temporária, que se converte no êxtase da virada! Aqui eu já constato que o caro leitor é rubro-negro (e se não é, já está quase lá!) e que vai me entender por eu falar que virada nenhuma será mais emocionante que a decisão do Carioqueta de 2001, com o gol do Pet aos 43’ do 2º tempo, em cima dos eternos vices. Mas posso afirmar que desde lá, há 10 anos, que eu não coloco o coração na boca por conta de uma partida, nem no Brasileirão de 2009, quando fomos campeões! Esta partida contra o Peixe foi emblemática para mim. Fez sacudir meu coração rubro-negro, que volta e meia se vê solitário aqui na cidade cinza. 

Não sei por que nem quando exatamente eu comecei a gostar de futebol, lá nos idos de 1990. Sei quem foi o responsável: meu pai, claro, que passava o domingo inteiro no sofá, vendo fórmula 1, campeonato italiano (quando ainda não era tão popular) e os depois os jogos daqui do Brasil, isso quando não tinha boxe na madrugada de sábado para domingo! Ali eu ficava, ao lado dele, e possivelmente ali começou tudo. Ele torcedor do América do Rio, simpatizava com qualquer time que jogasse bem. Já eu, fui fisgada pelo rubro-negro das multidões, mas herdei do meu pai o gosto de assistir a tudo e qualquer partida, de qualquer time, da Seleção (a rubro-negra, claro) ao Santa Cruz F.C. de Chiador MG, time pelo qual defendi a braçadeira de capitã (sim, eu era a mais entendida do assunto!) e joguei na zaga e, às vezes, no meio de campo, entre os anos de 1996 e 97. O crédito da foto abaixo é do fotógrafo oficial do nosso time, meu pai, lá conhecido como Seu Mazo.


Feliz 85 anos, pai. Obrigada por ter feito da sua menina, em termos futebolísticos, um moleque!

domingo, 17 de julho de 2011

Mostra Hitchcock

Ao contrário da odisséia descrita no último post, ir à Mostra de Filmes do diretor Alfred Hitchcock foi uma delícia! Sim, fui sozinha às cinco sessões no CineSesc da Rua Augusta, mas dessa vez sem bruxos e sem pacote de papel higiênico!


Recomendo muito o CineSesc. O capuccino e o pão de queijo são convidativos, sem falar da nostálgica barraquinha de pipoca na calçada, quase dentro do foyer do cinema! E pra finalizar, o ônibus pára extamente na porta do cinema. Para os defensores das calçadas vivas e avessos aos shoppings centers, a Augusta ainda te oferece uma "praça de alimentação" a céu aberto, e logo acima está a Paulista! Quer mais?

Eu assisti: Um casal do barulho (Mr. and Mrs. Smith, 1941), Pacto sinistro (Strangers in a Train, 1951), A sombra de uma dúvida (Shadow of a Doubt, 1943), Trama Macabra (Family Plot, 1976) e O homem que sabia demais (Man who knew too much, 1956). Sou apenas uma iniciante apreciadora das tramas de Hitchcock, mas, de cara, gostei muitíssimo de Pacto Sinistro e de A sombra de uma dúvida, mas nada que supere Psicose, o mais famoso suspense do diretor, que todos (ou quase todos) nós já vimos na tv.

A mostra encerra amanhã no CineSesc, mas ainda continua na semana que vem no cinema do CCBB de São Paulo. Acho que eu ainda vou dar um "perdido" por lá no meio do expediente... Não deixem de conferir! E comprem o catálogo da mostra! Uma verdadeira bíblia sobre Hitchcock.

Bom filme!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Eu, meu amigo pacote e minha solteirice

Caro leitor, já experimentou ir ao cinema sozinha em um sábado à noite, nas férias de julho, pra ver uma comédia do Woody Allen, em pleno shopping center? Não? Pois então não sabes o que perdes!


Foi esta odisséia que aconteceu comigo neste último sábado. Juro que não sai de casa para ir ao cinema. Odeio shopping cheio e, ainda mais, cinema de shopping. Fui apenas comprar papel higiênico no supermercado (sim, as pessoas compram papel higiênico) de forma segura, e para isso serve um shopping center, para lhe dar segurança enquanto faz suas compras. E só para isso! Mas antes de me dirigir ao estabelecimento de nome francês, fui fazer minha única refeição diária, já que na volta das duas semanas que estive em Recife, me deparei com minha despensa vazia. Jantei um belo pratão de comida mexicana, mas antes passei pelo bendito cinema pra ver as novidades de julho. O que se pode esperar? Besteirol, bruxo, filminho brazuca, animação, mais um besteirol, mais outro besteirol... e uma única sala com a comedinha do Woody Allen! Eu juro que tentei resistir e voltar a pensar no papel higiênico, mas já era tarde. Fui comprar minha meia-entrada (sim, 11 anos de graduação e daí?). E aqui começa a odisséia.

Fase 1: Como disfarçar na fila do cinema (muito cheia, inclusive) que você vai comprar um único e mísero ingresso solitário para si próprio? Mas aqui o caro leitor se pergunte e eu já o respondo: Porque disfarçar a encalhadisse (ou o encalhadismo)? Simples: Eu poderia aqui listar uma infinidade de motivos para não ter um namorado agora e blá blá blá... Mas o fato é que numa fila de cinema sábado à noite, toda sua segurança vai por terra quando você olha para os quatro cantos e só vê casais e casais e casais! Namorados jovens, casais coroas, casal gay, casal que ainda não é casal de fato... E o que se faz numa hora dessa? Pega o celular e simula uma conversa com o “Mô”, murmurando que vai comprar os ingressos agora porque logo vai esgotar! Mas onde está meu celular? Ok, eu estou sem celular temporariamente há alguns meses. Ok, pega o rádio da empresa! Mas eu deixei em casa por que agora sou uma vítima de assalto psicótica que enche a bolsa de qualquer coisa menos com rádio, dinheiro, carteira, documento etc. Tática de falar com “Mô” não deu certo.

Já sei: Demonstre impaciência, fique olhando ao redor, batendo pezinho, como se o “Mô” fosse chegar a qualquer momento! Perfeito, funcionou. Agora quando chegar ao caixa, só não deixa ninguém ver que você só vai comprar um único, mísero e solitário ingresso. Pronto, ingresso comprado. Agora vai no mexicano, capricha no pratão (porque nestas horas pimenta faz bem), enche a pança e corre até o supermercado para comprar o papel higiênico e o chocolate. Ok, etapa cumprida!

Fase 2: Entrar no cinema com um pacote enorme de papel higiênico. Eu juro que comprei um que os rolos são achatados inclusive, prevendo a minha necessidade de colocá-lo na minha bolsa. Mas não coube. Levo no braço mesmo, no saquinho do estabelecimento de nome francês. Pensei eu: Vou adentrar naquele cinema de uma vez só, sem se quer olhar pros lados. E foi o que eu fiz. Mas quando chego à catraca, vejo uma fila... Não era uma fila, era uma multidão! E não era uma multidão qualquer, era um monte de jovens eufóricos, uns inclusive vestidos de bruxo! Sim, era estréia do último filme da saga do maldito bruxo! Que medo disso. Diminui o passo e observei aquelas criaturas, enquanto provavelmente o meu pacote de papel higiênico também era observado. Não acreditei que teria que me enfiar no meio dos bruxos, como um poste solitário em meio a essa multidão. Graças ao meu bom Santo Antônio das Trintonas Encalhadas, a fila para os demais mortais, que não os bruxos, era outra! Passei a catraca.

Fase 3: Escolher rapidamente um assento que não seja entre 17 casais apaixonados. Fui rápida e certeira e sentei-me no segundo banco de uma fila, sendo que o 1º e o 3º banco estavam vazios. Ninguém ia cometer a audácia de sentar ali do meu lado. Trato logo de colocar meu pacote amigo de um lado e de me esparramar para o outro lado. Pronto, ocupei três lugares! Eu, meu pacote e minha solteirice.

Mas daí você senta, olha pra lá, olha pra cá, os trailers passando... a carência bate e seu inconsciente (maldito!) começa a pedir pra Santo Antônio das Trintonas Encalhadas que um cara alto, moreno, simpático, com um sorriso tão grande e radiante que até eu conseguiria enxergar naquela escuridão, peça gentilmente licença e sente ao seu lado. Pois não é que o Santo atendeu meu inconsciente! Só que o Santo esqueceu que eu sou a carioca mais tímida de São Paulo e redondezas... O dito cujo sorriu, sentou, encostou seu braço no meu braço (ui!) e eu não desviei 5° para o lado para ver mais do que minha visão periférica permite, ou seja, quase nada. Tratei de cobrir com a bolsa o meu amigo pacote, mas logo relaxei e imaginei que o carinha devia ser super descolado, a ponto de rir de quem vai ver filme com um pacote de papel higiênico. O Woody Allen passou na telinha (rápido por sinal), eu escutei os risos do rapaz, ri bastante também, e assim que acabou o filme, eu abracei meu pacote e esperei alguns créditos passarem... O rapaz também esperou. Logo as luzes se acenderam e minha vergonha não me deixou ficar mais um segundo ali dentro.

Voltamos para casa, eu, meu amigo pacote e minha solteirice. Mais uma vez, em mais uma noite fria paulistana.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A sociedade do registro

Talvez o tema sobre o qual irei discorrer já esteja um tanto demodê. Aliás, demodê é esta palavra! Digamos então: antiquado, anacrônico. O que importa é que ainda continuo achando absurdo o significado que as pessoas atribuem às fotografias e registros em geral. Tenho ficado cada vez mais extasiada com a importância que o registro tomou em detrimento do acontecimento em si.

No último domingo vi um caso na TV, onde a mulher estava desesperada pelo fato do fotógrafo não ter comparecido ao seu casamento. Ela então o processou e dizia que dinheiro nenhum iria trazer aquele momento (não registrado devidamente) de volta. Ok relevemos, pois era o casamento dela, evento único (assim esperamos que seja!) da vida de uma mulher. Mas que eu me lembre bem, no meu tempo, estes momentos importantíssimos eram gravados principalmente na memória! Claro, a foto e a filmagem são registros detalhados, que podem inclusive mostrar o evento para quem não o viveu. Mas tornar o registro algo tão imprescindível assim, me faz duvidar da essência do evento. E me faz perguntar: o importante é viver ou registrar?

É claro que registrar significa muito mais do que ter um material para reavivar sua memória. Significa exibir concretamente aquele momento, que para você foi tão especial, para outras pessoas.  E aqui se encontra o cerne da questão: até que ponto “vivemos” um momento especial sem pensar em como sair bem na foto? É claro que a difusão das redes sociais e o advento (já tão popularizado) da câmera digital elevam tudo isso à enésima potência.

Mas convenhamos que de fato é um martírio ver noivos perdendo 2/3 da festa do casamento tirando aquelas 500 fotos, crianças com sorriso engessado para o deleite dos pais aspirantes a fotógrafos etc. Ao passo que vemos adolescentes eufóricos fazendo mil poses para que pelo menos uma delas fique decente e possa ser exibida no Orkut e afins. Mas o pior para mim é ver um álbum inteiro de fotos de viagem do indivíduo e perceber que em todas as imagens o dito cujo está lá com a cabecinha torta tentando aparecer no enquadramento. Ou seja, não basta o fulano exibir que enfim conseguiu fazer aquela viagem e exibir todas as paisagens, construídas ou não, da tal cidade, não basta! O desgraçado exibido tem que aparecer como um carimbo na foto, como uma nota de rodapé! Sim, justo, porque foto ele pode baixar na internet, mas foto carimbada com sua cabeça torta só o incompetente pode fazer.

Podem me chamar de chata ou o que for. Mas pra mim quem muito registra em fotografia, pouco tem a mostrar. Creio que ganhamos muito mais presenciando o momento na sua essência, sozinho ou em boa companhia, atento aos detalhes, às cores, ao cheiro, aos sorrisos, às vozes, aos sons, ao movimento repentino, aos contrastes, ao instante... Porque a foto pode até te lembrar depois, mas se não percebemos estes detalhes, a foto vai ser mais uma foto nitidamente vazia, como tantas que vemos por aí.

PS: Que fique claro que eu adoro fotografia! Taí uma fotinho que eu achei inusitada: Caramelo Dog no Caramelo da FAU!



domingo, 15 de maio de 2011

Sim, estou fugindo de gente "diferenciada"

É curiosamente estranho quando uma situação pontual muda o seu cotidiano e sua forma de pensar sobre um assunto delicado. Pois então, sendo bem direta, fui assaltada na esquina da minha rua há quase um mês. Nada muito traumático, um assalto até leve: não vi arma, o rapaz não foi hostil, não tive grande perda material e, surpreendentemente, minha carteira repleta de documentos foi deixada na biblioteca da FAU USP, duas semanas depois da ocorrência! Graças às preces da minha mãezinha e pela boa menina que sou, Deus está sempre me protegendo das hostilidades desta minha vida metropolitana.

Já passei por apuros bem piores na capital fluminense. Já vi cenas muito piores. Já corri e deitei no chão por barulhos muito piores. Já vi pessoas e objetos muito mais ameaçadores. E, infelizmente, nestes mesmos termos, já perdi uma pessoa muito amada. E nem por tudo isso deixei de viver a minha cidade natal. Nem por isso nem por qualquer outra coisa, eu deixaria de andar pelo Rio como se sempre estivesse andando no quintal de casa.

Mas aqui em Sampa City a coisa não aconteceu bem assim. Não sei se é por viver sozinha aqui, por não ter o recanto seguro do colo de mãe por perto, que manda você dormir enquanto ela resolve tudo num piscar de olhos. Ou por ter sido a primeira vez que passei apuros sem ninguém pra se desesperar ou chorar junto comigo. Só sei que a coisa mexeu com a cabeça de quem vos escreve.

Sim, estou um pouco cismada com o mundo à minha volta. Andando rápido pelas ruas, colocando os documentos no bolso e o dinheiro no sutiã. Se alguém quiser levar a minha bolsa, pode levar! Só terá moedas, por que nem celular eu tenho mais! Mas não é com a perda material que eu me preocupo. Aliás, não é com o que “eles” vão levar que eu me preocupo. O que está tirando minha tranqüilidade é o susto. Sim, a possibilidade de ser abordada a qualquer momento e, conseqüentemente, o susto que eu vou tomar. Quer levar a bolsa (vazia)? Sem problemas, mas vem avisando aos poucos que sua intenção será essa, por gentileza.

Já escrevi quatro parágrafos, prometi ser direta, e cá estou sem ir ao ponto. Vou ser breve: o ponto é a desconfiança que estou criando de pessoas “diferenciadas” na rua. Não, não estou me referindo ao churrasco de Higienópolis, mas a tal “diferenciação” me parece ser a mesma a que me refiro. Agora o prezado leitor imagine eu, uma garota (não gosto de me chamar de mulher, prefiro até menina!) criada no subúrbio carioca, no pé de favela, de família que nunca teve carro, que andou o Rio de norte a sul e mais a Baixada, que no churrasco de família o que rola é pagode e itaipava, que adora futebol e suas extensões (sim, sou rubro-negra, claro!)... Imagine eu, quem voz escreve, andando em São Paulo tendo receio de qualquer gente “diferenciada”, que use bermudão e boné que venha na minha direção? Logo eu, filha de preto, com primos negões enormes (no melhor estilo MV Bill!), com primas lindas que fazem o sucesso no baile funk (sim, pelo menos duas vezes por ano, eu as acompanho!), e com uma irmã que já pertenceu assiduamente ao fã-clube do Exaltasamba (sim, eu já fui a muitos pagodes com ela!)... Eu nunca tive nenhum preconceito ou estigmatizei pessoas que compartilhem destes gostos. Não é hipocrisia! O que eu não gosto, eu não gosto. Não tenho problemas em dizer que não gosto de certos gostos do povão. Mas nunca apontei o dedo pra dizer que bandido, pivete ou ladrãozinho mequetrefe é aquele que ouve funk no celular nas alturas, que usa roupa surfwear, que tem canela seca e cara de mau. Até porque, pelo que expus aqui, estarei cortando na minha própria carne.

Sempre condenei gente (e já falei na cara de muitos deles) que acha que todo moleque pobre de comunidade está a um passo de ser bandido. E, neste sentido, também condeno as pessoas que não andam a pé pela cidade e que, portanto, preferem a segurança dos shoppings centers a uma boa tarde de compras na Rua do Ouvidor ou na Rua Teodoro Sampaio, porque nos shoppings, além do ar condicionado, ninguém é obrigado a ver gente “diferenciada”.

Mas a verdade é que, ontem, ao invés de ir ao supermercado atacadista perto de casa, que costumo ir há quatro anos, que fica literalmente no pé da favela, fui ao Carrefour, que fica dentro do shopping. A verdade é que estou assim. Mas não pretendo ficar assim. Não quero ser assim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

José Forjaz na FAU

Apenas para completar o texto do post anterior, gostaria de comentar uma surpresa curiosa da semana que passou. Poderia ter sido a minha primeira experiência concreta no novo escritório - a exposição '1908, um Brasil em exposição', na Caixa Cultural - ou ainda o prazer que tive ao conhecer a Professora Margareth da Silva Pereira, curadora desta mostra. Mas vos digo que antes disso, na quinta última, tive o Professor Forjaz como espectador da minha apresentação de projeto na FAU. Exatamente! Ao entrar na sala de aula, ainda naquela expectativa pré-apresentação, vi que o Prof. Luis Antonio Jorge, curador da exposição que relatei no post anterior e nosso professor da disciplina, convidou o Prof. Forjaz para nos assistir. Meu chefe, que também ficou impressionado com a mostra no MCB, me perguntou depois: "Você ficou insegura?". Eu? Imagina! Fiquei muito honrada de tê-lo em sala de aula. Inclusive acho que me empolguei e falei mais do que devia! Simplesmente uma das melhores aulas que tive na FAU USP: Prof. José Forjaz, Prof. Luis Antonio Jorge e Prof. Milton Braga.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sobre dúvidas e decisões: o chamado de José Forjaz

Vejo que não consigo escrever crônicas puras, no sentido de que tudo que aqui escrevo vem imbuído de muitas confissões, desabafos meus. É o que eu chamo aqui de pseudo-crônica. Mas longe de mim ter a pretensão de chegar ao nível de um cronista, escritor de verdade, como meu pai era. Mas continuo escrevendo, ao meu jeito. Um método que tenho usado muito é referenciar alguma angústia pessoal a um acontecimento do cotidiano, abarcando assim tanto minha necessidade de escrever e sistematizar meus sentimentos como também o exercício da escrita sobre o cotidiano.

Hoje, portanto, vou rapidamente falar sobre uma angústia que tenho há tempos e é sempre recorrente – meu foco de atuação profissional – e sobre uma exposição que acabei de visitar sobre o arquiteto português José Forjaz.

Já devo ter mencionado aqui que sou de família humilde, pobre mesmo, pelo lado da minha mãe. Meu pai era jornalista – faleceu há 11 anos e não me viu ingressar na universidade. Sou a primeira universitária da minha família materna, minhas irmãs são as seguintes. Pela parte dos sete irmãos que minha mãe tem, até agora não tenho nenhum primo no terceiro grau. Ao passo que, muitos deles, alguns bem mais novos que eu, já têm um, dois ou até quatro filhos. E nessa realidade do Subúrbio Carioca e da Baixada Fluminense é que fui criada. Mas tive a sorte de ter pais que não me obrigaram a trabalhar precocemente e me incentivaram a seguir para uma faculdade. Por sorte do destino, escolhi uma carreira que me fez atentar para as condições básicas de sobrevivência de uma pessoa, de uma família – a questão da moradia digna e de uma infra-estrutura pública mínima para sua sobrevivência. Quando comecei a estudar, de fato, meu interesse era puramente técnico, pois sempre gostei muito de obra e da construção em si. Sim, eu sabia que tinha facilidade de desenho, senso de criatividade, gosto pelas artes plásticas, por história etc. Mas uma certeza que eu tinha – tinha até vir pra FAU USP – era que eu queria trabalhar com o exeqüível, vivenciar a construção, ou seja, sempre quis ser arquiteta de projeto do edifício.

Hoje não perdi uma gota deste interesse pelo projeto, pelo contrário, sinto que tenho muito mais coerência no ato projetual atualmente. O problema foi a inserção de outros ‘gostos’ na minha vida profissional. É claro que tudo só vem a somar intelectualmente, mas soma-se também uma dúvida freqüente sobre onde de fato direcionar meu empenho tanto acadêmico quanto profissional. Atualmente trabalho com expografia e museografia, e tem sido um exercício muito interessante neste universo cultural que tanto gosto. Mas e os projetos? Por enquanto só lá na FAU, mas daqui a pouco termina e a dúvida vai pedir uma decisão que eu não vou ter coragem de tomar.

Hoje a dúvida e o incômodo voltaram à tona. Fui à palestra do arquiteto e professor José Forjaz, que trabalha em Moçambique, apesar de ser português de nascimento e de formação. Só este prólogo já é muito instigante: um arquiteto de primeiro mundo (apesar dos apertos que Portugal anda passando ultimamente) que se engaja socialmente e vai construir sua vida e sua obra em um país africano. E ver e ouvir de perto sua palestra, onde ele evidenciou a situação econômica e social de Moçambique além de fazer um apanhado histórico do país, é no mínimo estarrecedor. Se nós, brasileiros, ainda carregamos o peso da colonização histórica, imagine um país que viveu o imperialismo até o século passado e só conseguiu a independência há 35 anos! Foi essa realidade que Forjaz foi enfrentar. Não vou descrever aqui seus projetos, por que obrigo você, caro leitor, a ir até o Museu da Casa Brasileira e ver suas pranchas em exposição. Mas é fácil de imaginar que Forjaz teve que trabalhar com a situação mais elementar da arquitetura – uma moradia digna para quem de fato precisa.

Foi esta mesma moradia digna que citei acima, justamente por que não me é uma realidade que eu tenha que ingressar – eu vim dela. Vim e ainda deixei lá muita gente que eu acredito que precisa de mim. Não da minha assinatura num projetinho de reforma ou da casa de praia, mas que faz parte de um conjunto que engloba a maioria do povo brasileiro que precisa de arquitetos dignos e responsáveis para atuar na construção de uma realidade que lhes apresente tanto a tal moradia digna como também infra-estrutura urbana, escolas bem projetadas, postos de saúde fisicamente funcionais, centros de lazer dignos etc. Não me debruçar pragmaticamente sobre esta questão, me faz sentir-me covarde.  Hoje, o Professor Forjaz me fez um chamado e eu sinto como se tivesse negado. 

O incômodo permanece e é bom que eu me incomode. E tomara que ele apareça bastante, até o dia em que eu tiver que decidir. E aí veremos se, enfim, atendo o chamado do Professor Forjaz.

terça-feira, 1 de março de 2011

E lá vem mais um Carnaval...










Não sou a mais animada com este carnaval que se aproxima, mas vale estas fotos do Carnaval de 2010 para me lembrar que voltar um pouco pra casa é sempre contagiante!

Leituras

Estou lendo Clarice Lispector, Água Viva. Estava angustiada por um novo livro, o primeiro de 2011. Pensei em Saramago ou García Marquez, pensei em Machado de novo, pensei em voltar para as crônicas do Drummond & cia, pensei em ler Chico Buarque pela 1ª vez, pensei em relaxar com Adélia Prado, me sugeriram Dostoiévski e por aí vai. Mas fui certeira nesse "livretinho" da Clarice. E não poderia ser melhor.

"É que agora sinto necessidade de palavras - e é novo pra mim o que escrevo porque minha verdadeira palavra foi até agora intocada. A palavra é a minha quarta dimensão."

"Escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio".

Para concluir, hoje vendo o Roda Viva na TV Cultura, tomei pra mim mais uma do grande Ferreira Gullar: "A página em branco tem mil possibilidades. Quando eu escrevo a 1ª palavra eu reduzo a probabilidade: é 1 milhão menos 1!"

Continuemos como o poeta então! Diminuindo as possibilidades...

Tentações da madrugada

Hoje é mais uma noite em que eu não consigo ir pra cama antes da 1h. Conseguir, eu consigo, claro. A questão é que eu não quero. Perder a madrugada pra mim é como tirar a cobertura de chocolate do bolo de cenoura: você encara, come, porque o bolo é gostoso por si só... Mas com a calda de chocolate fica perfeito! Bem... Encerro essa comparação por aqui. Não sou nada boa em metáforas

O fato é que a madrugada é o início do dia, para mim. Aqui e agora eu esqueço as lamúrias do dia passado, recolho meu silêncio, ouço minhas inquietações, converso com alguns amigos distantes, vagueio um pouco (um pouco?) pelas redes sociais, leio meus blogs favoritos... E claro, escrevo! Ah sim, e também trabalho, faço os projetinhos em pauta e mais coisitas que a FAU me “obriga” a fazer. O que talvez (aliás, com certeza!) eu deveria fazer é otimizar mais minhas poucas horas acordada na madruga, porque amanhã será “dia de branco”, como diz minha mãe. E hoje, mais do que nunca, pois amanhã começo no meu new job! Aliás, espero ainda comentar muito aqui sobre os projetinhos que vão rolar nessa nova empreitada.

Mas o melhor de ficar acordada nas madrugadas é nos dias que antecedem um folga de trabalho e estudo, ou seja, sexta e sábado. Não falo porque são dias em que você pode voltar tarde para casa, matar a sede naquela Brahma gelada, ter conversas existenciais infinitas com seus amigos ou também (sim, também!) se aconchegar nos braços dele sem ter hora pra acordar. Tudo isso é excelente, claro, mas tenho apreciado muito a arte de passar a madrugada de sextas e sábados sozinha, neste mesmo sofá (o famoso Azul) de onde vos escrevo.

E nestas noites eu vejo o relógio passar vagarosamente, minuto a minuto. As horas demoram a terminar. O tempo é outro. É o tempo de cidadezinha do interior, sabe? Tempo e paz. O silêncio, a calmaria, a ordem, tudo está no seu lugar. Posso adentrar a madrugada sem preocupação alguma. O telefone não vai tocar. As luzes estão desligadas. Só uma leve penumbra ilumina o meu redor. É o tempo e o lugar do paradoxo, onde tudo ali contraria a rotina da vida, contraria minhas angústias, contraria minha euforia e meu desânimo. Entre um filme e outro, entre uma leitura e outra, uma pausa para o chá com pão na frigideira com margarina. E a única preocupação é não torrar demais o pão francês.

Pra que dormir? Pra que abrir mão deste momento? Não poderia me negar mais alguns minutos dessa paz. A madrugada é tentadora, me chama, me seduz. E quanto mais eu me deixo levar, mais entorpecida eu fico. 2h, 3h, 4h da manhã e eu não quero deixá-la. Quanto mais eu fico aqui, na madrugada e no Azul, mais longe eu sinto que estou da agonia da manhã seguinte.

Sim, eu sei que preciso das manhãs, já comentei sobre isso aqui no blog. Vou tentar dosar essa incoerência. Difícil. Bem disse Oscar Wilde: “Resisto a tudo, menos às tentações”.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Da série 'Homens & Mulheres": constatações

Tenho refletido muito sobre o quanto a vida é injusta com as mulheres. E como é boa para os homens. Não vou começar um discurso feminista nem vou dizer que odeio homens ou coisa do tipo. Pelo contrário! Na verdade o tom desta conversa é mais para o lado do elogio à turma masculina do que para condená-los. Eles não têm culpa (a nova gramática manda tirar o ^ do tem no plural, mas eu ainda não acostumei!). Os homens são muito favorecidos durante toda juventude, têm uma postura mais ativa do que as mulheres e, talvez por isso e por outros motivos, me parecem conseguir alcançar seus objetivos, sem ter que se desdobrar em mil tarefas aleatórias, como nós, mulheres.

E o que tenho percebido ultimamente é quanto o homem é mais solícito com seus iguais, principalmente quando começa a beirar a casa dos 30. Solícito é muito formal. Digamos: parceiro mesmo, brother! Eles se tratam como se fizessem parte de uma irmandade. É a galera, a rapeize! Outro dia (leia-se, em 2010), eu voltava do trabalho no ônibus super cheio, meio de semana, uma chuva chatinha caindo naquele início de noite, e reparei na conversa de um cara com o seu brother no celular. Era um convite para passar lá no bar, tomar uma gelada e jogar conversa fora. Eu pensei: Mas agora? Com essa chuva? Plena 4ª feira? E pra meu espanto, o meu colega de ônibus retribuiu a gentileza do convite e confirmou que assim que ele “saltasse no bairro”, ele daria uma passadinha lá no bar, pra dar um “salve”. Isso que é parceiro! Agora vejamos esta mesma situação com duas mulheres: ela já iria pensar que a chuva poderia desfazer sua chapinha, que se ela chegar tarde em casa não encontra o affair no MSN, que cerveja só é legal na balada, e por aí vai...As meninas também têm essa união com as outras, mas eu sinto que é mais por volta dos 15, 16 anos, enquanto os meninos estendem essa ligação até os 30, 35 ou mais! E eis aqui a problemática.

Sinto que quando as meninas chegam na idade de namorar firme, digamos por volta dos 18 anos, elas quebram essa necessidade de ter laços fortes com outras meninas. Sim, todas continuam a ter amigas, a desfrutar da cumplicidade e tudo mais. Mas na prática, no dia-a-dia, muita coisa se perde. Ao contrário do cara que, mesmo namorando, não abandona sua rotina de convívio com os brothers. E a namorada o que faz? Ao invés de viver sua individualidade dentro do namoro, pega no pé do coitado e vive reclamando do futebol e da cervejinha no boteco! 

Mas o caro leitor pode agora então olhar nos olhos deste que vos escreve e dizer: isso é crise de quem está chegando nos 30, é solteira e tem círculo social limitado. Eu seria obrigada a concordar com estes predicativos, mas minha leve revolta não é pessoal. Não agora! É só uma constatação. E, mais uma vez, elogio os homens e vou cada vez mais concluindo que mulher é “bicho chato” mesmo!

Mas que fique claro: gosto muito de ser mulher! Creio que nós, mulheres, estamos a anos-luz de distância dos homens em vários quesitos, mas para as coisas simples da vida, temos que admitir que os homens são bem menos complexos que nós e, portanto, mais práticos, mais pragmáticos! E só concluindo: eu não compactuo com discussões sexistas, ok! É só uma constatação...