quarta-feira, 28 de abril de 2010

O estereótipo do estudante de arquitetura

Acabei de chegar (já são 2h30 da madruga, cheguei às 23h30.. rs) de um debate no Museu da Casa Brasileira sobre os outros planos do concurso para Brasília. Muito interessante, inclusive. Nunca tive aula sobre os demais finalistas, apesar de ouvir muito falar na FAU sobre o projeto do Rino Levi, que era o melhor e tudo mais... Mas acho que é mais uma do bairrismo paulista. Na mesa, arquitetos participantes da ocasião do concurso: Jorge Wilhein, Pedro Paulo de Mello Saraiva, Marcio Roberto (filho de um dos Irmãos Roberto). Na platéia, além de Marianinha, nosso charmosíssimo professor Milton Braga, a mestre do paisagismo, Rosa Kliass e por aí vai. Eu, como sempre muito intrometida, me sinto muito bem ao lado desses cartolas, não me incomodo nem um pouco. Ouso até dizer que eu nasci pra isso mesmo, para colocar minha estrelinha no meio dessa constelação. Não sou falsa modesta não! Nunca escondi que eu sou ambiciosa, não no sentido pejorativo, mas no que diz respeito a querer sempre o melhor pra mim.

E é engraçado como eu olho para trás e reflito sobre as reais chances que eu tinha de me dar bem na vida. Não falo de grana, poder, nada disso! Falo de matar minha curiosidade, só isso. Porque foi só isso que eu fui, curiosa! No mais, não tenho nenhuma diferença dos meus primos queridos cariocas, que já formaram família, tem filhos, tem emprego para tocar a vida, gostam de cerveja barata e futebol... Fora isso, só a curiosidade. E foi ela que me fez sentar, ter paciência e estudar, porque eu não podia morrer sem pelo menos tentar!

E justamente qundo eu estou no meio dessa constelação toda que me cerca, é que eu me camuflo de "menina que teve berço". Claro que educação dentro de casa eu sempre tive, mas estou falando de outro berço. Outro dia, em uma conversa com um professor da FAU, ele mencionou alguns tipos de habitação que existem na periferia de Nova York: "Você sabe aqueles sobrados novaiorquinos? Aliás, você já foi lá certo? Mas como não?!" Me perguntei depois: Porque ele se espantou com o fato de eu nunca ter ido à Nova York? A resposta é a mais sincera: Eu tenho fala, pose e postura de quem já viajou o mundo. Mais sincera ainda: Tenho cara de rica! É fato. Por várias ocasiões eu percebi que os outros lidavam comigo como se eu fosse da elite intelectual e financeira. E também já vi muita cara de decepção quando alguém descobre o contrário sobre mim! Seria cômico se não fosse trágico!

E sobre o debate de hoje, na minha frente haviam dois rapazes. Eu já viciada em detectar os tipinhos dos estudantes de arquitetura, não imaginava que eles o fossem. Quando o debate abriu ao público, um dos rapazes levanta o braço e faz uma pergunta, mas antes se apresenta: estudante de arquitetura da São Judas, 3º ano. E eu não escondo que me surpreendi por eles serem estudantes de arquitetura. Sim, não sou hipócrita! Acho que de tanto sofrer vendo as caras tortas dos meus colegas quando eu falo que sou do subúrbio do Rio, que nunca saí da região sudeste e, muito menos, Nova York, acabei me camuflando e virando um personagem. E hoje eu me vi em um espelho e, sim, me surpreendi. E voltei para casa pensando em me despir dessa máscara intelectual, que não é proposital, é quase automática depois de tantos anos de curiosidade no meio dessa realidade, que não é a minha e nunca vai ser, porque eu nem espero e nem desejo que assim seja!

Só vim aqui por curiosidade! Só vim saber das novidades! De resto, quero mais é sentar em um boteco em uma esquina carioca e tomar uma cerveja gelada e barata com meus primos.