domingo, 17 de julho de 2011

Mostra Hitchcock

Ao contrário da odisséia descrita no último post, ir à Mostra de Filmes do diretor Alfred Hitchcock foi uma delícia! Sim, fui sozinha às cinco sessões no CineSesc da Rua Augusta, mas dessa vez sem bruxos e sem pacote de papel higiênico!


Recomendo muito o CineSesc. O capuccino e o pão de queijo são convidativos, sem falar da nostálgica barraquinha de pipoca na calçada, quase dentro do foyer do cinema! E pra finalizar, o ônibus pára extamente na porta do cinema. Para os defensores das calçadas vivas e avessos aos shoppings centers, a Augusta ainda te oferece uma "praça de alimentação" a céu aberto, e logo acima está a Paulista! Quer mais?

Eu assisti: Um casal do barulho (Mr. and Mrs. Smith, 1941), Pacto sinistro (Strangers in a Train, 1951), A sombra de uma dúvida (Shadow of a Doubt, 1943), Trama Macabra (Family Plot, 1976) e O homem que sabia demais (Man who knew too much, 1956). Sou apenas uma iniciante apreciadora das tramas de Hitchcock, mas, de cara, gostei muitíssimo de Pacto Sinistro e de A sombra de uma dúvida, mas nada que supere Psicose, o mais famoso suspense do diretor, que todos (ou quase todos) nós já vimos na tv.

A mostra encerra amanhã no CineSesc, mas ainda continua na semana que vem no cinema do CCBB de São Paulo. Acho que eu ainda vou dar um "perdido" por lá no meio do expediente... Não deixem de conferir! E comprem o catálogo da mostra! Uma verdadeira bíblia sobre Hitchcock.

Bom filme!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Eu, meu amigo pacote e minha solteirice

Caro leitor, já experimentou ir ao cinema sozinha em um sábado à noite, nas férias de julho, pra ver uma comédia do Woody Allen, em pleno shopping center? Não? Pois então não sabes o que perdes!


Foi esta odisséia que aconteceu comigo neste último sábado. Juro que não sai de casa para ir ao cinema. Odeio shopping cheio e, ainda mais, cinema de shopping. Fui apenas comprar papel higiênico no supermercado (sim, as pessoas compram papel higiênico) de forma segura, e para isso serve um shopping center, para lhe dar segurança enquanto faz suas compras. E só para isso! Mas antes de me dirigir ao estabelecimento de nome francês, fui fazer minha única refeição diária, já que na volta das duas semanas que estive em Recife, me deparei com minha despensa vazia. Jantei um belo pratão de comida mexicana, mas antes passei pelo bendito cinema pra ver as novidades de julho. O que se pode esperar? Besteirol, bruxo, filminho brazuca, animação, mais um besteirol, mais outro besteirol... e uma única sala com a comedinha do Woody Allen! Eu juro que tentei resistir e voltar a pensar no papel higiênico, mas já era tarde. Fui comprar minha meia-entrada (sim, 11 anos de graduação e daí?). E aqui começa a odisséia.

Fase 1: Como disfarçar na fila do cinema (muito cheia, inclusive) que você vai comprar um único e mísero ingresso solitário para si próprio? Mas aqui o caro leitor se pergunte e eu já o respondo: Porque disfarçar a encalhadisse (ou o encalhadismo)? Simples: Eu poderia aqui listar uma infinidade de motivos para não ter um namorado agora e blá blá blá... Mas o fato é que numa fila de cinema sábado à noite, toda sua segurança vai por terra quando você olha para os quatro cantos e só vê casais e casais e casais! Namorados jovens, casais coroas, casal gay, casal que ainda não é casal de fato... E o que se faz numa hora dessa? Pega o celular e simula uma conversa com o “Mô”, murmurando que vai comprar os ingressos agora porque logo vai esgotar! Mas onde está meu celular? Ok, eu estou sem celular temporariamente há alguns meses. Ok, pega o rádio da empresa! Mas eu deixei em casa por que agora sou uma vítima de assalto psicótica que enche a bolsa de qualquer coisa menos com rádio, dinheiro, carteira, documento etc. Tática de falar com “Mô” não deu certo.

Já sei: Demonstre impaciência, fique olhando ao redor, batendo pezinho, como se o “Mô” fosse chegar a qualquer momento! Perfeito, funcionou. Agora quando chegar ao caixa, só não deixa ninguém ver que você só vai comprar um único, mísero e solitário ingresso. Pronto, ingresso comprado. Agora vai no mexicano, capricha no pratão (porque nestas horas pimenta faz bem), enche a pança e corre até o supermercado para comprar o papel higiênico e o chocolate. Ok, etapa cumprida!

Fase 2: Entrar no cinema com um pacote enorme de papel higiênico. Eu juro que comprei um que os rolos são achatados inclusive, prevendo a minha necessidade de colocá-lo na minha bolsa. Mas não coube. Levo no braço mesmo, no saquinho do estabelecimento de nome francês. Pensei eu: Vou adentrar naquele cinema de uma vez só, sem se quer olhar pros lados. E foi o que eu fiz. Mas quando chego à catraca, vejo uma fila... Não era uma fila, era uma multidão! E não era uma multidão qualquer, era um monte de jovens eufóricos, uns inclusive vestidos de bruxo! Sim, era estréia do último filme da saga do maldito bruxo! Que medo disso. Diminui o passo e observei aquelas criaturas, enquanto provavelmente o meu pacote de papel higiênico também era observado. Não acreditei que teria que me enfiar no meio dos bruxos, como um poste solitário em meio a essa multidão. Graças ao meu bom Santo Antônio das Trintonas Encalhadas, a fila para os demais mortais, que não os bruxos, era outra! Passei a catraca.

Fase 3: Escolher rapidamente um assento que não seja entre 17 casais apaixonados. Fui rápida e certeira e sentei-me no segundo banco de uma fila, sendo que o 1º e o 3º banco estavam vazios. Ninguém ia cometer a audácia de sentar ali do meu lado. Trato logo de colocar meu pacote amigo de um lado e de me esparramar para o outro lado. Pronto, ocupei três lugares! Eu, meu pacote e minha solteirice.

Mas daí você senta, olha pra lá, olha pra cá, os trailers passando... a carência bate e seu inconsciente (maldito!) começa a pedir pra Santo Antônio das Trintonas Encalhadas que um cara alto, moreno, simpático, com um sorriso tão grande e radiante que até eu conseguiria enxergar naquela escuridão, peça gentilmente licença e sente ao seu lado. Pois não é que o Santo atendeu meu inconsciente! Só que o Santo esqueceu que eu sou a carioca mais tímida de São Paulo e redondezas... O dito cujo sorriu, sentou, encostou seu braço no meu braço (ui!) e eu não desviei 5° para o lado para ver mais do que minha visão periférica permite, ou seja, quase nada. Tratei de cobrir com a bolsa o meu amigo pacote, mas logo relaxei e imaginei que o carinha devia ser super descolado, a ponto de rir de quem vai ver filme com um pacote de papel higiênico. O Woody Allen passou na telinha (rápido por sinal), eu escutei os risos do rapaz, ri bastante também, e assim que acabou o filme, eu abracei meu pacote e esperei alguns créditos passarem... O rapaz também esperou. Logo as luzes se acenderam e minha vergonha não me deixou ficar mais um segundo ali dentro.

Voltamos para casa, eu, meu amigo pacote e minha solteirice. Mais uma vez, em mais uma noite fria paulistana.