sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Infidelidade e outras drogas

Acabo de ver um filme que transita em torno do tema da infidelidade. Sim, ela mesma: traição! E me diga, caro leitor, se você já não perdeu algumas boas noites de sono por conta desta bendita palavra? Ou então, se já se viu inquieto por conta das outras palavrinhas derivadas da infidelidade? Que tal desconfiança? Conhece, caro leitor? Já sentiu na pele a dor aguda que é desconfiar da pessoa mais íntima da sua vida? Como dizem por aí: Quem nunca?

O filme a que me refiro chama-se Last Night, aqui traduzido por A Última Noite. Aliás, eu sou a favor de tradução literal dos títulos de filmes estrangeiros, salvo raríssimas exceções. Em resumo, o filme retrata pouco mais de 24 horas da vida de um casal, quando ambos se deparam com aquele momento crucial do “trair ou não trair”. Como uma boa ficção, na mesma noite e em cidades diferentes, tanto a mulher quanto o marido estão chegando naquela situação limite de dar um passo à frente e sucumbir à tentação, ou resistir e voltar à sua vida monogâmica no dia seguinte.


Não vou aqui contar o desenrolar da trama, mas vou contar o final. Sim, posso contar o final porque na verdade não existe um final! Todo o drama acontece durante a bendita noite de tentações, mas o que me prendeu depois do fato consumado (ou não consumado), foi saber o que o casal faria ao reencontrar-se pela manhã. E aí nada acontece, porque eles trocam algumas palavras, se olham desconfiados e o filme termina! Claro, não poderia ser de outro jeito... O filme concentra sua tensão no ato de sucumbir ou não à traição. O dia seguinte, literalmente, é outra história, literalmente também.

Mas aqui eu concentro a minha reflexão pós-filme: no dia seguinte. Seja lá o que for o conceito de trair, sempre haverá o dia seguinte. Falo isso porque para alguns, trair é o ato sexual consumado; para outros, o fato de querer estar com outra pessoa já é uma traição em si; ou mesmo um meio-termo, um beijo apaixonado, seria já o ato consumado para outros também. Independente do que cada um formule, o dia vai amanhecer e você terá que olhar seu amado nos olhos. E aqui eu concentro mais ainda: Confessar? Você confessaria uma traição? Ou guardar para si? Cair em si e guardar só para você o seu ato irresponsável?

Talvez a pergunta seja outra: O que você espera do dia seguinte de uma traição? Ser sincero com o outro e ser perdoado ou fazer sua auto-amnésia e esquecer dentro de si a noite passada? Aqui o caro leitor já percebeu que este texto está muito mais para um desabafo pessoal do que para uma crítica de filme. Talvez por isso eu tenha, no início deste texto, chamado o meu caro leitor para um questionamento próprio, justamente para me encorajar a refletir sobre as minhas próprias histórias.

Sim, já fui traída. Sim, já fui a outra. Não, nunca traí um namorado. Nunca tive que me deparar com o dia seguinte e olhar nos olhos de alguém com a dúvida sobre assumir ou não uma traição. Mas imagino que eu não contaria. Se eu o amasse de verdade, não contaria absolutamente nada! O erro seria meu, a injustiça teria sido minha, o proveito teria sido só meu. Porque raios então eu teria que compartilhar a traição, compartilhar a minha dor do dia seguinte com ele, à espera de um ato desesperado de perdão? Sim, porque alguém que perdoa uma traição só pode estar emocionalmente desesperado e não é justo colocar uma pessoa nesta situação, de perdoar ou não, sendo que ela ama e quer ficar junto da outra pessoa. Como é difícil encarar a traição assumida como o fim e resistir a um pedido de perdão... Digo que é quase impossível.

E por fim, o caro leitor já vislumbrou nas últimas palavras o meu ato confesso: a tentativa frustrada de perdoar uma traição. Como eu disse, foi quase impossível resistir ao pedido de perdão, vindo da pessoa que talvez tenha sido a única oportunidade que eu tive de amar e ser amada em mesmo tom e intensidade. Eu tinha que tentar perdoar. Mas no fundo eu sabia que não iria conseguir... Pena ter demorado tantos anos pra ter certeza. Ao final, só tive uma certeza: Ele não deveria ter me contado absolutamente nada!

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