domingo, 19 de setembro de 2010

Admiração

Há dois meses estou assistindo um curso no MASP com o Rodrigo Queiroz, professor da FAU USP, sobre o tema que lhe é muito peculiar: Niemeyer, óbvio! Mas por que alguém que estuda arquitetura há 10 anos, gratuitamente, paga um curso sobre o arquiteto vivo mais clichê deste mundo? Vou confessar: em toda minha jornada só assisti uma única aula sobre Niemeyer e foi com o próprio Prof. Rodrigo, em uma disciplina na FAU do Prof. Segawa. E confesso também que nunca fui uma defensora fervorosa do Oscar (como o Prof. Rodrigo chama o coroa centenário!), apesar de ser carioca e já ter passado pela escola carioca da FAU UFRJ. Mas o que me atraiu no curso não foi o tema propriamente, mas sim a forma como o Prof. Rodrigo ministra suas aulas e palestras, como ele fala do Oscar de uma forma que faz tudo ter sentido. Pra quem achava que tudo no Niemeyer era gratuito, que todas aquelas curvas remetiam à mulher e aos morros das Minas Gerais e do Rio, até que consigo agora ler a ‘capacidade pedagógica’ na cronologia arquitetônica do Oscar e a ‘dimensão simbólica’ de suas obras. Deixei o preconceito de lado e vejo Niemeyer com outros olhos. Não vou dizer que é o cara que mais admiro e nem que suas obras são as melhores, esteticamente e funcionalmente. Óbvio que não (sim, a FAU USP me contaminou!), mas conhecer sua obra detalhadamente, como fez o Prof. Rodrigo, é um trabalho árduo e gratificante, imagino. E o discurso, a retórica, os adjetivos bem encaixados, a analogia não-óbvia que faz o Professor nas suas aulas, isso sim que eu admiro de verdade! Que fique aqui registrada minha admiração por mais um professor da escola, assim como tenho pelo Hugo Segawa, pelo Marcos Acayaba, pelo Alexandre Delijaicov, pela Regina Meyer, pelo Milton Braga e por aí vai...

Na penúltima aula no MASP, o Prof. Rodrigo comentou sobre a busca, tanto do Oscar como do Corbusier, pela ‘obra da sua vida’. E aqui eu deixo uma pergunta (leia-a e encare-a de forma genérica e ampla): “E aí, arquiteto (ou não), qual vai ser a obra da sua vida?”

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