sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De volta à antiga banalidade

Coisa que eu não sou boa é esperar que os outros façam algo da qual dependa minha felicidade ou meu sucesso. Não gosto de esperar muito dos outros. Prefiro fazer eu mesma, por mim mesma. Quando eu tinha meus 12 anos, já avançava nos 1,70 m e não alcançava os 50kg, comecei a escutar que eu devia ser modelo. Nunca fui vaidosa (no sentido exibicionista da palavra) e sempre fui (e ainda sou) muito envergonhada pra esse tipo de trabalho. Uma vizinha me levou pra um curso, fiz uns desfiles lá no subúrbio do Rio e logo desanimei com toda essa história. Imaginava o tanto de meninas bonitas, magrelas e altas que, assim como eu, tentavam virar tops de sucesso. E, é claro, que essa façanha não dependia só da beleza. Nesse mundinho (e em tantos outros, como é sabido) rola muito “Q.I.”, o famoso “quem indica”, e fora que você tem que ficar pra cima e pra baixo na cidade, com um book debaixo do braço, torcendo pra alguém gostar da sua carinha. Definitivamente, não era minha praia. Ainda bem que cheguei a essa conclusão com 12 anos de idade!
  
E no geral até que tenho muita autoconfiança no que eu faço e, quando me esforço, sempre tenho bons resultados. Por isso até hoje teimo em não querer esperar um “brinde” dos outros, ainda mais agora, que sei que consigo eu mesma construir minha felicidade.
 
Tudo muito simples e prático, sim? Não. Tem uma questão. Sim, é sobre namorados. Taí outra fonte da qual tento (eu disse tento!) não esperar muita ajuda para complementar minha felicidade. Passei minha boa adolescência resistindo bem, entrei na vida adulta e também consegui driblar alguns malandros disfarçados. E fui sobrevivendo, sem sentir muita falta daquilo que não poderia sentir falta, pois nunca havia sentido! Até namorar firme. Namorei durante cinco anos e meio (há controvérsias quanto à duração) com um cara que, embora hoje possa xingá-lo de tudo quanto é nome, tenho que dizer que marcou minha vida e soube me fazer feliz. Também não vou elogiar muito o namoro, porque foi bem traumático, como todo bom namoro à distância. Mas passada a tempestade, uma coisa há de ser dita, não por mim, mas por Ferreira Gullar: “Quem conheceu o delírio, dificilmente se habitua à antiga banalidade”. E nisso o poeta tem toda a razão! Eu tento voltar à serenidade da adolescência, mas minhas memórias e meus hormônios não deixam! A situação com os hormônios é até razoável de resolver. Um affair aqui, outro acolá... Mas e o coração? Sim, e o coração, que já se queixa por estar tão esquecido, aqui nessa cidade cinza?
 
Os anos vão passando e eu vou assimilando a idéia de que eu preciso deixar o coração sempre em atividade. E também vou aprendendo a admitir que a felicidade de um amor correspondido não pode ser substituída por outra, nem pelas conversas com os amigos, nem pelo chamego da família, nem por uma viagem, um bom filme, uma roupa nova, ou seja lá o que lhe traga felicidade. E para isso temos que arriscar colocar parte significativa da sua felicidade nas mãos de alguém. Alguém que até se transformar (ainda que por tempo limitado) no homem da sua vida, é só e tão somente uma dúvida, um desconhecido, um possibilidade de acerto ou de erro. E isso é tão cansativo! O cara pelo qual você vai passar um bom tempo chorando, sorrindo, admirando, xingando, discutindo, beijando... Este cara deveria vir com uma marca no meio da testa! Daí eu iria ficar menos preguiçosa e insegura, para liberar logo meu coraçãozinho ansioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário