quarta-feira, 6 de junho de 2012

A hora de voltar... a hora de escrever

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."

Queria eu ter o desespero do personagem de Clarice (em A hora da estrela) para me obrigar a sair da rotina de me ser e aqui, neste blog, pelo menos semanalmente ou quinzenalmente, ser o outro, seja lá o que for!

Não, não tenho pretensões romancistas, não possuo tal gabarito, infelizmente. Mas com minhas "pseudo-crônicas" consigo sair de mim, deixar de me ser, enquanto passeio, espio, vagueio pela vida alheia, pela rotina da cidade, pelos contratempos do tempo...

Só quero ter a tranquilidade para aqui poder escrever, refletir, enxergar, re-encaixar os pensamentos do dia, ainda que esteja cansada da rotina de me ser durante todas aquelas horas, como o personagem de Clarice. Falo isto para que, num futuro próximo, eu não queira ter o que eu tivesse sido e não fui, sabendo que escrever, ainda que informalmente, é um desses meus maiores "quereres".

Volto em breve, assim espero!

E pra não perder a viagem, eis aqui "Nome da cidade", obra de Caetano, na voz da irmã Bethânia, inspirada em A hora da Estrela, 'livrinho' do trecho acima, que vem me acompanhando nesses últimos dias. (Sim, eu ainda não o havia lido! Mas vi o filme esses dias... sou fãzoca do Zé Dumont, só por ele já vale!)





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