quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Doctor Lecter e seus filhos

Gosto muito de filmes. Já vi muita coisa, mas confesso que já vi muito filme ruim, muita porcaria que nos empurram goela abaixo. Hoje sou mais seletiva, chego a recusar convite de amigos pra ir no cinema quando eu sei que o querido vai querer ver a última comédia romântica de Hollywood no Cinemark mais próximo. Esses dias eu conversava com minha irmã sobre o filme “Rio”, animação na verdade, e ela, que viu o filme, disse que gostou e tal. Eu respondi dizendo que não assisti e que tenho preguiça de ver (este é sempre meu argumento para não ver filme blockbuster: tenho preguiça de ver!), além de comentar que o filme me parece um tanto caricato, porque o vilão é um macaco, porque passa a imagem mais do que veiculada de um Rio de Janeiro praiano, vida boa, bossa nova, blá, blá, blá... Ela foi taxativa: me disse que eu tenho que parar de ser cri-cri, reclamona, chata... Talvez ela tenha razão. Ah não! Não mesmo! Morro chata, mas não morro num Cinemark de shopping center!
Mas para os meus caros leitores (Alô, tem alguém aí?) não acharem que eu sou uma nerd cinéfila, vou confessar que sou apenas uma iniciante na arte de apreciar cinema. E ainda tenho muitos filmes pra ver  e os chamados clássicos que eu ainda não vi, confesso! Mês passado, comprei alguns deles: a trilogia do “Poderoso Chefão”, alguns antigos do Scorsese (Adoro! E, assumo, adoro os recentes com o Leo DiCaprio!), uns westerns e... Comprei “O silêncio dos inocentes”. Como eu ainda não tinha visto este filme? Como não? Pois então, fui assistir.
Sentada no grande sofá da sala da casa da minha mãe, no Rio, sozinha, na madrugada... Só eu e o Doctor Lecter. Como dizem aqui em São Paulo: Um puta filme! Sou suspeita para elogiar o Anthony Hopkins. Às vezes eu digo que um ator é ruim porque só faz o papel dele mesmo, sempre com o mesmo jeitão. Exemplo fácil: Sandra Bullock, só faz papel de mulher workaholic, solteirona e desajeitada (e levou o seu Oscar justamente por um papel oposto a isso!). Mas o Hopkins me parece ser o próprio Hannibal! Juro que tenho minhas dúvidas se, de vez em quando, o Hopkins não come uns pedacinhos de carne humana! Brincadeirinha... Ele é um ator de um filme só, aliás, de um personagem só.
Mas voltando ao filme, vou aqui confessar: Não me empolguei tanto. Não estou dizendo que o filme é ruim, longe disso. Falo exatamente de empolgação. Sem sustos, sem gritos, sem aflição... Fiquei frustrada. Mas o filme é bom, realmente bom. E porque eu não estava excitadíssima após a minha sessão caseira de cinema? Achei a resposta: Porque eu não o vi em 1991, claro!
Passaram-se 20 anos apenas, mas hoje são outros tempos, de fato. Imagino eu que em 91 este filme tenha causado todo o rebuliço que eu imaginei sentir, mas hoje, no século seguinte, concordo que o espectador tem que se esforçar para se emocionar com os clássicos de 20, 30 ou 50 anos atrás. E isso é triste! No caso de “O silêncio dos inocentes”, eu logo lembrei da enxurrada de seriados que temos atualmente que tratam justamente do tema abordado neste filme: investigação policial e serial killers. Estes “Criminal Minds” de hoje em dia são todos filhos de Lecter! E a exibição massiva deste gênero, na TV principalmente, acaba por banalizar o tema. Eu mesma faço pouco caso de filmes sobre investigação criminal. Tento lembrar o último que vi e constato que foi justamente um Scorsese, “Shutter Island”, aqui traduzido mal e porcamente como “A Ilha do Medo”, que aliás nem pode-se dizer que é uma investigação criminal sui generis.
E voltando ao filme, novamente, recomendo aos caros leitores (Alô?) se ainda não o viram, que o vejam! Só a cena final clássica, com a Jodie Foster sendo perseguida no escuro, vale muito à pena. Só não recomendo a famigerada continuação da trilogia. Aliás, odeio trilogias! Ah, sou chata mesmo! Já assumi lá na introdução deste texto. Mas tem exceções, é claro, e “O Poderoso Chefão” é uma delas, porque o segundo é melhor que o primeiro... Mas essa resenha fica pra outro post!



2 comentários:

  1. Olá Mariana, se eu te disser que ocorreu o mesmo comigo(e vem ocorrendo), vc não vai acreditar!
    Ano após ano eu fico mais seletivo quando vou ver algum filme. Não tenho mais o mesmo "pique" e a disposição de antes.
    Esses filmes que saem com grande e forte divulgação atualmente não me "pegam" mais. E não é porque eu não gosto mais de filmes ou porque tenho preguiça (muitas vezes tenho sim, dependendo do gênero, confesso), mas é porque eu não sinto aquela vontade de ver, não vejo muita graça através de tantos teasers e trailers. Não vi "Rio", nem "Avatar", nem "Transformers 2", nem "Jumper", "A Origem" e por aí vai.. E o que dizer dos filmes de heróis Marvel e DC Comics?! Parei! E olha que eu tenho MUITAS HQ's hein, já comprei muitas na vida! Acredite, a lista dos oba-oba já lançados que não vi é grande! Ainda assim fui ao cinema para ver o segundo filme do "Sherlock Holmes", fazer o que, parceiro é parceiro né?! Bora lá.. rsrs.. tudo bem que tive um dia bastante corrido, dormi pouco de um dia pro outro e tudo mais, mas acredite: cheguei a dormir logo no início, dentre as primeiras cenas repetitivas de ação e quebra-quebra. Mas tudo bem, comprei uma coca e tudo voltou ao normal, consegui ver todo o filme. Mas não achei tudo aquilo não sabe, aliás, achei mais um "mais do mesmo". Ok, nada contra quem gosta, sou muito a favor do cinema e suas variedades, mas esse tipo já não é mais minha praia.
    Ultimamente a maioria dos filmes que pego pra ver e curtir são por indicações de amigos que também curtem filmes mais interessantes, os de gosto mais exigente, por assim dizer.
    Algo que procurei a fazer também foi o mesmo que você: ver os clássicos.
    Há pouco ainda eu vi o "Silencio dos Inocentes", fim do ano passado e não achei aquilo tudo também, mas em geral eu gostei. Sou mais do gênero suspense/drama, mas pretendo ver a sequencia ainda! Dentre outros vi "Top Gun", que não é considerado clássico, mas sua trilha sonora sim, além de "Alien" (clássico do terror e suspense), "Tubarão" (Meu Deus, o que foi aquilo!), dentre outros, mas destaque para a trilogia do Poderoso Chefão, que curti muito, aliás te indicaria ler o livro, o que é sempre melhor e mais completo, e foi o que fiz.
    Ainda pretendo ler e depois assistir "Laranja Mecânica", "O Iluminado", e outros que no momento não me recordo..
    Enfim Mariana, só pra comentar aqui nesse espaço de seu blog, fiz questão porque seu caso se assemelhou muito ao meu. Se quiser entre em contato, por meu email, ok? Saudações, até mais!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah meu caro leitor, pense 2 ou 200 vezes antes de entrar numa sala de cinema pra ver a continuação (ou o bis ou o "2" ou a volta) de algum filme decente. Mas parabéns, por que eu não tive coragem de ver Sherlock Holmes 2, apesar de ter gostado bastante do primeiro, mais talvez pelo retorno do Robert Downey Jr. Mas gostei da agilidade das cenas, do humor ácido embutido no roteiro... Downey Jr teve sua segunda chance e sobe aproveitá-la, mas sinceramente não me fará vê-lo no Homem de Ferro! Aí já é demais! Rs... Aliás, tome bastante cuidado com essa sequência do Hannibal Lecter, ok! O filme que tem a Julianne Moore até vale, mas o outro... Confira aí!
      Então continuemos vendo os clássicos enquanto nos aventuramos entre as novidades. E falando em novidades, que "preguiça" que eu tô de ver alguns destes indicados ao Oscar, hein! Inclusive o Dama de Ferro e Meryl Streep que me perdoe! Vão entrar pra lista de ganhadores de Oscar que eu nunca vi, encabeçada pelo Guerra ao Terror, que nunca passei dos primeiros 30 minutos! Aliás, Avatar é bonitinho, viu... rs!
      Obrigada pela visita! Apareça sempre!

      Excluir